Por Patrícia Gnipper
Já era previsto que impactos de meteoroides poderiam liberar água da superfície da Lua, transformando-a em vapor rumo à fina atmosfera do nosso satélite natural. Contudo, até então esse fenômeno não havia sido observado diretamente, coisa que acabou de acontecer com a sonda LADEE (Lunar Atmosphere and Dust Environment Explorer) da NASA.
Meteoroides são fragmentos de objetos espaciais que possuem dimensões significativamente menores do que um asteroide, mas significativamente maiores do que uma molécula, não se encaixando, portanto, nem na classificação de meteoros, nem de poeira interestelar. E pesquisadores da NASA relataram a observação de correntes de meteoroides atingindo a Lua, o que fez com que a água fosse liberada no formato de vapor para a atmosfera, sendo liberada para o espaço em seguida.
A sonda LADEE orbitou a Lua para estudar a estrutura e composição de sua fina atmosfera, e os cientistas descobriram que quando uma partícula de detrito de cometa, por exemplo, atinge a Lua, ela se vaporiza com o impacto, criando uma onda de choque no solo lunar. Essa onda de choque é capaz de romper a camada superior seca do solo, liberando moléculas de água da camada hidratada logo abaixo, com a LADEE então identificando essas moléculas de água quando elas entram na atmosfera lunar.
A descoberta foi publicada na revista Nature Geosciences, e o estudo ajudará a ciência a entender a história da água lunar, melhorando não somente nossa compreensão do passado geológico da Lua, como também sua evolução, mirando nas futuras operações de longo prazo na Lua e na exploração humana do espaço profundo, que poderá contar com recursos naturais lunares para tal.
"Na maior parte do tempo, a Lua não tem quantidades significativas de água em sua atmosfera, mas quando a Lua passa por uma dessas correntes de meteoros, vapor suficiente é ejetado e nós conseguimos detectá-lo; quando o evento acaba, a água vai embora", explica Richard Elphic, cientista da NASA que trabalha no projeto da LADEE.
Para liberar água, os meteoroides precisam penetrar pelo menos 8 centímetros abaixo da superfície seca, onde há uma fina camada de transição para a camada hidratada, local este em que as moléculas de água se prendem ao regolito. A partir das medições de água na exosfera, os pesquisadores concluíram que a camada hidratada da Lua tem uma concentração de água de cerca de 200 a 500 partes por milhão — concentração muito mais seca do que o solo mais seco existente na Terra. Para obter pouco mais de 470 ml de água, seria necessário processar mais de uma tonelada de regolito.
Mas como o material da superfície da Lua é "fofo", até mesmo um meteoroide de 5 milímetros é capaz de penetrar o suficiente para liberar uma nuvem de vapor. E quando uma torrente de meteoroides faz "chover" na Lua, a água liberada atinge a exosfera e se espalha por ali — cerca de ⅔ desse vapor acabam escapando para o espaço, com o restante pousando de volta na superfície lunar.
Infográfico mostra o ciclo de água lunar com base nas observações da LADEE (Imagem: NASA)
FONTE: NASA via canaltech.com.br
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