Por Patrícia Gnipper
Na próxima década, veremos acontecer duas missões com destino ao mesmo objeto espacial. Em 2021, a NASA lançará a sonda DART para se chocar contra Didymoon, a "lua" do asteroide Didymos, com a colisão acontecendo no ano seguinte. Então, em 2023, a ESA lançará a missão Hera com o objetivo de, em 2026, coletar informações importantes sobre o objeto e analisar a cratera gerada pelo impacto da DART. Agora, a agência espacial europeia dá mais detalhes sobre a missão, revelando que a nave contará com um sistema autônomo de navegação no espaço, de maneira semelhante ao funcionamento dos veículos autônomos que começam a se aventurar pelas ruas do nosso planeta.
“Se você acha que os carros autônomos são o futuro na Terra, então Hera é o pioneiro da autonomia no espaço profundo”, disse Paolo Martino, engenheiro chefe de sistemas da missão. “Embora a missão seja projetada para ser totalmente operada manualmente a partir do solo, a nova tecnologia será testada assim que os principais objetivos forem alcançados e riscos maiores puderem ser tomados", explica.
A lua Didymoon tem apenas 160 metros de diâmetro, enquanto o asteroide Didymos tem 780 metros, e a autonomia da nave deve permitir que ela navegue com segurança a cerca de 200 metros da superfície de Didymoon, permitindo observações em alta resolução de até 2 cm por pixel — focando, em particular, a cratera de impacto deixada pela DART, que será feita com o objetivo de alterar a órbita da lua e, com isso, avaliar a nossa capacidade de tirar eventuais asteroides perigosos de nosso trajeto. Se a NASA for bem sucedida, a ESA fará essa constatação alguns anos depois.
Didymoos leva apenas 12 horas para orbitar Didymos, e se a missão DART conseguir mesmo desviar a órbita da lua ao redor do asteroide, veremos essa quantidade de dias para a lua completar uma órbita ser alterada, comprovando que é possível desviar asteroides potencialmente perigosos à Terra no futuro. Ainda, a tecnologia de navegação autônoma que será testada pela ESA com a Hera terá usos mais amplos em futuras missões espaciais, incluindo no veículo de manutenção espacial que a agência está projetando com o objetivo de remover detritos espaciais da órbita do planeta, bem como a ambiciosa missão Mars Sample Return, que colheria amostras do solo marciano e as traria de volta à Terra.
A ideia é que, no futuro, sondas orbitais capazes de conduzir a própria navegação pelo espaço e ao redor dos objetos de interesse possibilitem uma maior quantidade de missões exploratórias a relativo baixo custo.
FONTE: ESA via canaltech.com.br
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