Por Patrícia Gnipper
Em outubro do ano passado, a missão BepiColombo foi lançada como fruto de uma parceria conjunta entre a ESA (agência espacial europeia) e a JAXA (agência aeroespacial japonesa). A nave passou esses últimos cinco meses orbitando a Terra como parte da fase inicial de sua missão, e agora está pronta para navegar rumo ao planeta Mercúrio.
A nave carrega consigo dois orbitadores, um da ESA e outro da JAXA, cujos instrumentos, além de registrar imagens do planetinha, também fornecerão medições inéditas sobre o primeiro e mais desconhecido planeta do Sistema Solar, dando continuidade ao trabalho feito pela sonda Messenger, da NASA, que passou por lá em 2008 e ali permaneceu por quatro anos.
A jornada da BepiColombo durará sete anos até que a nave chegue a Mercúrio desde a data de seu lançamento e, durante a fase de comissionamento próximo da Terra (concluída em dezembro), a equipe da missão então iniciou testes para garantir o funcionamento dos instrumentos científicos da nave, além de sua propulsão e demais sistemas necessários para que a missão seja um sucesso.
Então, no finalzinho de março, um conselho de revisão confirmou que os requisitos da fase de comissionamento estavam preenchidos, liberando a missão para a próxima etapa, que envolve os preparativos para a nave ser impulsionada pela gravidade de outros planetas, o que impulsionará sua viagem rumo a Mercúrio — além da propulsão elétrica, a nave contará com o "empurrão" gravitacional da Terra, de Vênus e do próprio planeta Mercúrio para entrar em sua órbita.
Desde seu lançamento, a BepiColombo já viajou mais de 450 milhões de quilômetros, o que representa apenas 4% da distância total que percorrerá até chegar a Mercúrio no final de 2025. Neste momento, a nave está a 50 milhões de km da Terra e a equipe da missão leva cerca de três minutos para se comunicar com ela.
Nas próximas semanas, as equipes da ESA e da JAXA realizarão verificações adicionais dos instrumentos relacionados à alta voltagem da nave enquanto aguardam o próximo passo da missão, quando a BepiColombo voltará a cerca de 11 mil km da Terra para um sobrevoo a fim de ser impactada novamente pela gravidade do planeta. Então, em outubro do ano que vem a nave fará o primeiro de seus dois sobrevoos por Vênus, com o segundo programado para agosto de 2021.
Ainda que a distância mínima entre Mercúrio e a Terra seja menor do que a distância mínima entre nosso planeta e Marte, Mercúrio recebeu apenas uma missão de exploração orbital, enquanto Marte já recebeu uma enorme variedade de orbitadores, sondas e rovers superficiais. Entre os motivos que explicam por que Mercúrio é tão inexplorado, enquanto o Planeta Vermelho recebe mais atenção, estão coisas como a atração gravitacional do Sol: como Marte é o quarto planeta do Sistema Solar e a Terra é o terceiro, viajar daqui para lá significa se afastar do Sol e, portanto, sua força gravitacional vai ficando mais fraca. Já ao considerar um trajeto entre a Terra e Mercúrio, que é o primeiro planeta depois do Sol, essa viagem acontece no sentido do astro, ou seja, quanto mais se navega, mais forte é a atração. Só que essa aceleração fornecida pela atração gravitacional faz com que a nave viaje muito mais rapidamente, o que significa que, para freá-la, seria necessário muita propulsão a ponto de a nave ser capturada gentilmente pela gravidade de Mercúrio.
Por isso, a solução encontrada pelos engenheiros da missão foi fazer com que a BepiColombo fizesse esses sobrevoos planetários a fim de, gradativamente, ir ganhando impulso e, consequentemente, velocidade, sem ser impulsionada de uma só vez a velocidades que ficariam cada vez maiores, e seu propulsor elétrico faz leves freadas para que a nave mantenha a velocidade ideal à medida em que vai ficando cada vez mais próxima do Sol. Dessa maneira, a missão, apesar de mais longa, ficou mais econômica e mais segura.
FONTE: ESA via canaltech.com.br
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