CERÂMICA RHYTA EM QUE FORAM ENCONTRADOS VESTÍGIOS DE QUEIJO (FOTO: SIBENIK CITY MUSEUM)
Achado na costa da Dalmácia, na Croácia, os registros arqueológicos antecipam em pelo menos 4 mil anos a história da fabricação do queijo
Arqueólogos anunciaram no mês de outubro a descoberta do queijo mais antigo do mundo em Sacará, sítio arqueológico do Egito. O alimento estava em um depósito de potes de barro quebrados, dentro do túmulo de Ptahmes, que governou a cidade de Mênfis. Acredita-se que a tumba tenha sido construída no século 13 a.C., o que faz com que ela e o queijo tenham cerca de 3,3 mil anos.
Agora, no entanto, graças à um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, Reino Unido e Croácia, a história do queijo foi novamente reescrita. Eles analisaram fragmentos de cerâmica escavados de dois locais do período neolítico na costa da Dalmácia, na Croácia, para obter indicações dos itens alimentares daquela época.
Eles encontraram resíduos de queijo datados de 7,2 mil anos. O achado reseta a linha do tempo da agricultura na região, com produtos lácteos fermentados sendo feitos apenas cinco séculos depois que o leite foi armazenado pela primeira vez.
Dados arqueológicos mostram que as pessoas têm cultivado e criado gado na região há cerca de 8 mil anos. A chave para entender as mudanças culturais durante esse tempo são os pedaços de cerâmica que eles deixaram para trás.
A cerâmica encontrada foi identificada como sendo do tipo Rhyta, pequenos potes que têm formato humano ou de animais. Assim, as peças não só retêm vestígios de materiais com os quais entraram em contato, como sua estrutura pode dizer muito sobre as influências da estética cultural da época.
Os pesquisadores já sabiam havia sido encontrados desses potes com assinaturas químicas indicando que eles eram usados para conter leite, sugerindo que os laticínios faziam parte da dieta neolítica desde seu estabelecimento.
Armazená-lo em cerâmica pode ter sido um passo importante para ajudar a superar tempos difíceis em que a comida era escassa. A análise dos isótopos de carbono na superfície interna de fragmentos de cerâmica não lavados indicou que muitos foram usados para armazenar não apenas produtos lácteos, mas também laticínios de uma variedade mais fermentada, como queijo e iogurte.
Fragmentos de cerâmica encontrados continham padrões de furos, indicando uma função potencial como um filtro para o processo de fabricação do queijo. Três das quatro peneiras analisadas pela equipe mostraram evidências de serem usadas para essa finalidade.
"A produção de queijo é importante o suficiente para que as pessoas criem novos tipos de utensílios de cozinha", escreveu Sarah McClure, da Universidade Estadual da Pensilvânia.
A datação por radiocarbono de sementes e ossos nos arredores indicou que essas peneiras e fragmentos de cerâmica tinham cerca de 7,2 mil anos de idade, colocando-os entre os mais antigos exemplos confirmados de recipientes de queijo no mundo.
"Esta é a mais antiga evidência documentada de resíduos lipídicos para laticínios fermentados na região do Mediterrâneo, e entre os mais antigos documentados em qualquer lugar até hoje", escrevem os pesquisadores em seu relatório.
A fabricação de queijos representa um avanço significativo no avanço da cultura humana. Ajudou nossos ancestrais a rumar para novas terras, assumindo maiores riscos ao transportar alimentos preservados. Transformar leite em queijo também ajudou a diminuir sua lactose o suficiente para os adultos comerem, fornecendo uma fonte nutritiva de alimento para o fazendeiro neolítico.
FONTE: REVISTA GALILEU
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