ARTEMIS É A DEUSA QUE DÁ NOME AO NOVO PROGRAMA ESPACIAL DA NASA (FOTO: ILUSTRAÇÃO: OTÁVIO SILVEIRA)
A Nasa desenhou a missão para começar acelerada; a partir de 2028, porém, será a hora de garantir presença humana permanente na órbita lunar
POR A. J. DE OLIVEIRA | EDIÇÃO: GIULIANA DE TOLEDO
Desde 2017, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou a Diretiva de Política Espacial 1, a Nasa foi incumbida de planejar seu retorno à Lua, com um programa de exploração inovador e sustentável. Inicialmente, a ideia era montar a estação lunar Gateway para uma missão tripulada em 2028. Mas o prazo acabou ficando quatro anos mais curto.
Com isso, a Nasa dividiu o programa Artemis em duas fases. Velocidade define a primeira. Para cumprir a meta de humanos no polo sul da Lua em 2024, a agência terá de deixar a configuração inicial da estação lunar mais enxuta, reduzir os tripulantes da missão à superfície de quatro para dois e contar com envolvimento comercial mais forte bem mais cedo — principalmente no projeto do pousador.
Já a segunda fase é focada na permanência: aí será hora de expandir o Gateway e fortalecer a cooperação com outras agências espaciais para estabelecer presença humana permanente em 2028. Assim será possível instalar instrumentos complexos na superfície, para responder a questões científicas ainda mais revolucionárias em missões de maior duração, além de impulsionar empresas a construir uma economia lunar, explorando atividades como mineração e turismo.
Jim Bridenstine, administrador da Nasa, estima o custo total do programa Artemis entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões, parcelados pelos próximos cinco anos. Se a Nasa não quiser canibalizar a verba de outros projetos, terá de pedir ao Congresso bem mais que o extra de US$ 1,6 bilhão que solicitou para reforçar o orçamento de US$ 21 bilhões para 2020. Mais especificamente, algo entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões anuais. É o preço de construir uma casa na Lua.
DA LUA A MARTE
Como o programa Artemis vai criar raízes lunares e abrir caminho para o Planeta Vermelho
MARTE (FOTO: PIXABAY)
2019
Nasa anuncia a primeira leva de serviços comerciais para dar suporte ao programa Artemis: empresas dos EUA vão poder fazer ciência e demonstrar tecnologias em solo lunar.
2020
Na missão Artemis 1, a cápsula Orion viajará ainda sem passageiros, mas deverá mostrar que a Nasa não esqueceu como se manda uma espaçonave tripulável à órbita lunar.
2022
Na Artemis 2, astronautas irão à Lua pela primeira vez em 50 anos. Ainda não para pousar, só circunavegar. No fim do ano, o primeiro módulo do Gateway será inserido na órbita lunar.
2023
A Nasa lançará um rover lunar em parceria com o setor privado para procurar gelo de água e coletar amostras. Também será lançado o primeiro módulo habitacional do Gateway.
2024
Sistema de pouso será lançado em partes: após montagem na órbita lunar, grudará no Gateway para levar os astronautas da Artemis 3 até a Lua. E o mundo vai parar para ver.
2025-2028
Será hora de consolidar a presença na Lua. No período, quatro missões Artemis tripuladas (4, 5, 6 e 7) deverão chegar à órbita lunar. Haverá expedições dentro e fora do Gateway.
Anos 2030
Daí em diante, a meta será expandir as capacidades do Gateway e dos pousadores — e, sobretudo, partir para Marte, replicando o processo no Planeta Vermelho.
EM BUSCA DA PRIMEIRA MULHER
Até hoje, 12 humanos pisaram na Lua — todos homens. Isso deve mudar, mas ainda não se sabe quem será a pioneira
Por mais lendárias que tenham sido as missões Apollo, não se pode negar que elas foram um verdadeiro clube do bolinha. Apenas 12 seres humanos tiveram a honra de pisar na Lua — todos homens. E brancos.
Quando o assunto é participação feminina na exploração espacial, os soviéticos estavam anos-luz à frente dos americanos. A cosmonauta Valentina Tereshkova, primeira mulher no espaço, chegou lá em 1963, dois anos depois de Yuri Gagarin. Só 20 anos mais tarde, em 1983, a Nasa lançou sua primeira mulher, Sally Ride.
Montar um programa lunar tripulado 100% masculino podia até ser aceitável nos anos 60. Mas, no século 21, algo do gênero seria completamente impensável. “Hoje, nosso corpo de astronautas é mais diverso, e estamos ansiosos pelo momento histórico em que pousaremos a primeira mulher na Lua por meio do programa Artemis”, disse Sean Potter, da Nasa.
Atualmente, o time de exploradores espaciais da Nasa conta com 38 astronautas na ativa, 26 homens e 12 mulheres. Mas parece que a agência está caminhando para uma divisão mais igualitária de suas vagas: entre os 12 candidatos selecionados na turma de 2017, por exemplo, cinco são do sexo feminino.
Por enquanto, ainda não se tem nenhuma pista de quem vai ocupar o prestigioso papel de primeira mulher a pisar na Lua. O que se sabe é que todas (e todos) as astronautas da agência estão profundamente envolvidas com o desenvolvimento da cápsula Orion e do foguete Space Launch System. “Detalhes adicionais sobre a tripulação e requerimentos específicos de treinamento para as missões à superfície lunar serão compartilhados em uma data futura”, afirma Potter.
FONTE: REVISTA GALILEU
Comentários
Postar um comentário