Ilustração de uma gigantesca colisão "toque e fuga" no asteroide Vesta.
Crédito: Mikiko Haba
O cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter preserva os processos de formação planetária, congelados no tempo. Vesta, o segundo maior asteroide neste cinturão, fornece uma excelente oportunidade para os cientistas investigarem a origem e a formação dos planetas. Em particular, Vesta manteve a sua crosta, manto e núcleo metálico, tal como a Terra. O mapeamento cuidadoso de Vesta pela missão Dawn da NASA mostrou que a crosta no polo sul de Vesta é excecionalmente espessa.
Num artigo publicado recentemente na revista Nature Geoscience, a Dra. Yi-Jen Lai, do Centro de Investigação Planetária da Universidade Macquarie e colegas propuseram uma nova história evolutiva de Vesta, envolvendo um impacto gigantesco. Isto é baseado em determinações precisas de idade dos cristais de zircônio dos mesossideritos, um tipo enigmático de meteorito Vestano, e resolve passadas incertezas sobre a evolução de Vesta.
Os mesossideritos são um tipo de meteorito rochoso de ferro, consistindo de materiais da crosta e do núcleo derretido de um asteroide/asteroides. Estes misteriosos e raros meteoritos proporcionam uma visão única da catastrófica fragmentação de asteroides diferenciados (com camadas), provavelmente Vesta.
A autora principal do estudo, a Dra. Makiko Haba do Instituto de Tecnologia de Tóquio, diz que "o principal desafio é que menos de 10 grãos de zircônio, favoráveis à datação, foram relatados ao longo de algumas décadas. Desenvolvemos um novo método para encontrar zircônio em mesossideritos e, eventualmente, preparamos grãos suficientes para este estudo."
A equipa realizou uma datação de alta precisão usando os isótopos de urânio e chumbo de duas dúzias de grãos de zircônio em mesossideritos na principal universidade de investigação de geociências do mundo, a ETH Zurique na Suíça.
A Dra. Yi-Jen Lai comentou: "Nós descobrimos duas datas significativas: entre 4.558,5 e 4.525,39 milhões de anos, que se relacionam com a formação da crosta inicial e com a mistura de metal-silicato provocada por uma colisão cósmica de 'toque e fuga'."
Os cientistas propõem a nova explicação de "toque e fuga" para estes dois importantes novos momentos. No novo modelo, depois de Vesta já se ter diferenciado em camadas distintas de crosta, manto e núcleo, outro asteroide com aproximadamente um-décimo do tamanho de Vesta colidiu com ele, provocando a ruptura em grande escala do hemisfério norte. Os destroços desse impacto, compostos de todas as três camadas de Vesta, ficaram presos no hemisfério sul de Vesta, explicando a crosta anormalmente espessa que a sonda Dawn da NASA detetou no polo sul de Vesta. O novo modelo também explica com sucesso a forma distinta de Vesta e a ausência do mineral olivina do manto nos meteoritos Vestanos.
A equipe pensa que o conceito pode ser aplicado a outros corpos planetários a fim de reconstruir as suas histórias.
O modelo proposto descreve uma colisão entre Vesta como o corpo principal dos mesossideritos e um planetesimal mais pequeno com um-décimo da massa do asteroide. O impacto resultou numa grande "moça" no hemisfério norte de Vesta, seguida da acreção dos detritos no hemisfério sul, explicando a espessa crosta observada pela missão Dawn da NASA.
Crédito: Makiko Haba
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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