Imagem: Banco da Inglaterra
Por Matt Novak
O Banco da Inglaterra anunciou que o lendário matemático britânico e cientista da computação Alan Turing aparecerá na nova nota de £50 do Reino Unido. Turing foi escolhido entre milhares de nomes que foram submetidos pelo público para possível inclusão na moeda britânica.
“Por que Turing? Turing foi um excelente matemático cujas obras tiveram um enorme impacto sobre a forma como vivemos hoje”, disse o governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, no Museu de Ciência e Indústria em Manchester nesta segunda-feira (15). “Como o pai da ciência da computação e da inteligência artificial, as contribuições de Alan Turing foram amplas e inovadoras”.
“Sua genialidade reside em uma capacidade única de vincular o filosófico e o abstrato com o prático e o concreto. E tudo ao nosso redor continua a ser construído pelo seu legado. Turing é um gigante em cujos ombros tantos agora estão,” Carney continuou.
Turing trabalhou em Bletchley Park e ajudou a decifrar o código Enigma nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é creditado como responsável por apressar o fim da guerra através de seu trabalho e é considerado hoje como um dos maiores pensadores científicos do século XX.
“O design [da nota de 50 libras] reconhece a amplitude e variedade de suas contribuições”, disse Carney. “A tabela é tirada de seu papel seminal sobre números de computador, e em primeiro plano está uma representação sucinta de uma máquina de Turing, com a fita que registra a data de nascimento de Turing em código binário”.
“No fundo estão imagens da máquina piloto Ace [Automatic Computing Engine] e uma seção dos desenhos técnicos do Bombe. O retrato é de Elliott & Fry e a citação é de uma entrevista publicada no Times em junho de 1949. ”
A British Bombe foi um dos computadores eletromecânicos que Turing projetou para decifrar o código nazista. A citação que aparece na nota diz: “Esta é apenas uma prévia do que está por vir, e apenas a sombra do que vai ser”.
Imagem: Banco da Inglaterra
Turing foi perseguido pelo governo britânico por sua homossexualidade, condenado por “indecência repugnante” em 1952 e foi quimicamente castrado como punição por ter um relacionamento homossexual. Turing se suicidou em 1954. O governo do Reino Unido pediu desculpas pelo tratamento a Turing em 2009, apesar de ele não receber perdão oficial até quase uma década depois.
Turing foi escolhido dentre um enorme grupo de figuras históricas e o Banco da Inglaterra reduziu os potenciais homenageados a uma pequena lista que incluía Mary Anning, Paul Dirac, Rosalind Franklin, William Herschel e Caroline Herschel, Dorothy Hodgkin, Ada Lovelace e Charles Babbage, Stephen Hawking, James Clerk Maxwell, Srinivasa Ramanujan, Ernest Rutherford, Frederico Sanger e, claro, Alan Turing.
Em contraste com os EUA, outros países do mundo costumam celebrar uma gama diversificada de cidadãos em sua moeda. Enquanto o dinheiro americano é em grande parte confinado a homens brancos mortos dos séculos 17 e 18, países como o Reino Unido lançam uma rede muito maior para honrar as pessoas em seu dinheiro. O dinheiro britânico incluiu todos, desde o cientista Charles Darwin até o reformista social Florence Nightingale, e a autora Jane Austen.
No Brasil, 30 pessoas já foram homenageadas em notas, sendo 28 homens e apenas duas mulheres – a Princesa Isabel e a escritora Cecília Meireles. Já os 28 homens são: Getúlio Vargas, D. Pedro I, D. Pedro II, Pedro Álvares Cabral, Marques de Tamandaré, Duque de Caxias, Barão do Rio Branco, Marechal Deodoro da Fonseca, D. João VI, Tiradentes, Santos Dumont, Marechal Floriano Peixoto, Castello Branco, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz, Juscelino Kubitschek, Heitor Villa-Lobos, Machado de Assis, Cândido Portinari, Carlos Chagas, Carlos Gomes, Carlos Drummond de Andrade, Augusto Ruschi, Marechal Cândido Rondon, Vital Brazil, Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Anísio Teixeira.
Além das notas, as moedas brasileiras também têm os rostos de cinco homens estampados nelas: Pedro Álvares Cabral, Tiradentes, D. Pedro 1º, Marechal Deodoro da Fonseca e o Barão do Rio Branco. Diferentemente do Reino Unido, em que as novas notas de £10 circulam atualmente com as imagens da Rainha Elizabeth II de um lado (assim como todas as outras notas) e Jane Austen do outro, nenhuma outra mulher foi homenageada em notas aqui no Brasil desde 1992.
Os EUA quase acrescentaram uma mulher negra à sua moeda pela primeira vez quando o governo Obama anunciou em 2016 que a abolicionista e lutadora pela liberdade Harriet Tubman seria acrescentada à nota de 20 dólares até 2020. Mas o regime de Trump afugentou esse plano, dizendo que a cédula não estaria pronto a tempo. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que o redesenho não estaria pronto até 2028, muito depois de o presidente Trump presumivelmente deixar o cargo.
O regime de Trump tem um histórico de se opor às pessoas não-brancas e às mulheres em geral, embora a razão para o cancelamento de Tubman seja o fato de o presidente Trump amar o presidente Andrew Jackson, o homem atualmente retratado na nota de 20 dólares. Jackson, é claro, é mais lembrado pela Trilha das Lágrimas (viagens de recolocações e migrações forçadas, impostas pelo governo dos EUA às diversas tribos de índios como parte política de remoção indígena) e outros atos genocidas contra os nativos americanos.
FONTE: GIZMODO BRASIL
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