CONCEPÇÃO ARTÍSTICA DO SISTEMA J17062 (FOTO: NASA)
Anã branca completa órbita na estrela de nêutron J17062 em apenas 38 minutos; descoberta pode ajudar a navegação espacial
Um equipamento do tamanho de uma máquina de lavar registrou um recorde dentro do Universo conhecido pela humanidade. O NICER (sigla em inglês para “Explorador da Composição Interior de Estrelas de Nêutron), que funciona acoplado à Estação Espacial Internacional, encontrou duas estrelas que giram em torno de si a cada 38 minutos.
A J17062 é a principal delas. Extremamente densa e de rápida rotação, vive em uma constante dança cósmica com o que os astrônomos acreditam ser uma anã branca pobre em hidrogênio, separadas por 300 mil quilômetros.
É menos que a distância entre o Sol e a Lua. "Não é possível para uma estrela rica em hidrogênio, como o nosso Sol, ser a companheira do pulsar", disse Tod Strohmayer, astrofísico da Goddard e principal autor do artigo. "Você não pode encaixar uma estrela como essa em uma órbita tão pequena."
Quando uma estrela morre, deixando de produzir reações químicas e explodindo em uma supernova, dependendo de sua massa, ela entra em colapso e forma um buraco negro ou uma estrela de nêutrons, que é pequena e superdensa — cerca do tamanho de uma cidade, mas contendo mais massa do que o Sol. Um pulsar é uma estrela de nêutrons que gira rapidamente. É o caso da J17062 .
Por ter um intenso campo gravitacional, a estrela de nêutrons vai sugando material de sua companheira, no caso a anã branca. Essa matéria é coletada em uma espécie de disco e, conforme gira, espirala para baixo e toca a superfície. Essa viaja ao longo do campo magnético até os pólos, onde cria pontos quentes. O calor é tanto que a luz irradiada entra na porção dos raios-X do espectro eletromagnético.
Enquanto giram, os pontos quentes entram e saem da vista dos instrumentos de raios X, como o NICER, que registram as flutuações. Alguns pulsares giram mais de 42 mil vezes por minutos, comparáveis às lâminas de um liquidificador de cozinha.
A J17062 gira 9.8 mil vezes por minuto. Esses pulsos de raio-X são tão constantes, que, com base nos dados coletados pelo NICER, a NASA desenvolveu o SEXTANT, uma espécie de GPS interestelar.
Com o tempo, o material da estrela doadora se acumula na superfície da estrela de nêutrons. Uma vez que a pressão dessa camada se acumula até o ponto em que seus átomos se fundem, ocorre uma reação termonuclear descontrolada, liberando a energia equivalente a 100 bombas de 15 megatons que explodem sobre cada centímetro quadrado, explicou Strohmayer.
Raios-X de tais explosões também podem ser capturados pelo NICER, embora ainda não tenha sido visto a partir de J17062.
A estrela doadora anã branca é uma “leve”, apenas cerca de 1,5% da massa do nosso Sol. O pulsar é muito mais pesado, em torno de 1,4 massa solar.
FONTE: REVISTA GALILEU
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