Segundo estudo da Universidade de Tóquio, os seres humanos devem erguer as mãos ao cosmos e agradecer pelo baixo potencial de destruição da energia escura
Antes de levantar pela manhã e viver um novo dia, agradeça ao Universo pelo baixo potencial de destruição da energia escura. De acordo com pesquisadores da Universidade de Tóquio, é esse o motivo pelo qual a civilização humana e tudo o que existe no cosmos não é devastado durante uma explosão estrelar.
“Isso cria uma nova conexão entre a energia escura e a astrobiologia, algo que antes considerávamos pertencer a campos distintos do conhecimento”, afirmou o astrônomo Tomonori Totani, autor do estudo ao portalScience.
Tão misteriosa quanto a matéria escura, a energia escura é uma força que acelera a expansão do Universo, distanciamento as galáxias umas das outras. Estima-se que ela componha cerca de 70% do Universo, enquanto a matéria escura comporia 27%, e os outros 3% seriam a matéria observável (ou seja, nós e tudo o que conseguimos enxergar) — é isso mesmo que você leu.
Há quem não acredite que esse conteúdo espacial misterioso seja de fato “fraco”. Baseado na teoria da mecânica quântica e nas ideias de Albert Einstein sobre a gravidade, parte da comunidade científica acredita que a energia escura deva ser aproximadamente 120 vezes mais forte do que realmente é.
Contudo, se fosse tão forte, ela já teria separado e distanciado tudo o que existe no Universo há muito tempo, impossibilitando o encontro de partículas e o consequentemente surgimento galáxias, estrelas e de seres humanos. Por conta desse ponto de vista, alguns cientistas levam em consideração o princípio antrópico, que propõe que, para ser válida, a teoria da física precisa ser compatível com a existência da vida humana.
Totani e sua equipe simularam a evolução do Universo a partir de diferentes mensurações de força da energia escura, limitando os modelos somente para aqueles que permitiriam a existência de vida na galáxia. Assim, o grupo concluiu que essa força deverá ser entre 20 a 50 vezes maior do que se observa na realidade.
Os valores dentro desse intervalo poderiam permitir o surgimento das galáxias, porém, somente em eras primitivas do Universo, antes de a energia escura se tornar uma força capaz de impactar o regulamento celeste.
Como o universo era relativamente denso em seu início, as galáxias formadas eram cheias de estrelas e até dez vezes mais maciças do que a Via Láctea.
Nessas densas galáxias, as estrelas médias (como o nosso Sol) estariam mais próximas de outras galáxias; e as estrelas massivas, que vivem vidas curtas e depois explodem como supernovas, emitiram radiações letais a planetas próximos, impedindo qualquer forma de vida. Todo esse cenário impossibilitaria o surgimento de vida aqui na Terra.
Cruzando todos esses conhecimentos, os pesquisadores visualizaram que a fraqueza da energia escura nos momentos iniciais do Universo é a razão para que a vida seja possível atualmente. A descoberta do grupo está publicada no portal arXiv.org.
Contraponto
Consultado pelo portal Science, o astrofísico Tsvi Piran, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que alguns estudos que se baseiam no princípio antrópico podem ser um tanto quanto instáveis.
Piran cita como exemplo que o poder letal das supernovas vem principalmente da radiação de raios gama, mas que apenas parte da energia dessa explosão é canalizada para a radiação, o que impossibilita que as explosões de estrelas destruam o Universo.
No entanto, a comunidade científica acredita na existência de um subconjunto de supernovas conhecidas por erupção de raios gama (gamma ray burst, em inglês), as quais são ameaças para a vida no Universo, embora sejam eventos bem raros de se acontecer. Para Piran, o fato de os pesquisadores da Universidade de Tóquio não levarem esse evento em consideração enfraquece o estudo.
FONTE: REVISTA GALILEU
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