O telescópio consiste de sete módulos idênticos, cada um com 54 espelhos. [Imagem: Peter Friedrich/MPE]
eRosita
Se tudo correr como previsto, um foguete Proton M partirá nesta sexta-feira do espaçoporto de Baikonur, na Rússia, levando ao espaço o telescópio eRosita.
O observatório espacial alemão tem como principal objetivo mapear o céu inteiro na faixa média de raios X, o que inclui energias de até 10 KeV.
"A resolução espectral e espacial sem precedentes [do eRosita] nos permitirá estudar a distribuição de enormes aglomerados de galáxias e descobrir mais sobre a misteriosa energia escura," disse Peter Predehl, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre.
As emissões de raios X dos aglomerados de galáxias fornecem insights sobre como o universo está se expandindo, uma expansão que está se acelerando graças ao que se convencionou chamar de "energia escura", pelo fato de não sabermos do que se trata.
Os raios X também fornecem informações sobre a proporção de matéria visível do Universo - cerca de 4% do total -, bem como sobre as flutuações que provavelmente ocorreram imediatamente após o Big Bang. As pequenas flutuações no vácuo quântico que prevaleciam naquela época parecem estar por trás da origem dos aglomerados de galáxias e de toda a arquitetura do cosmos.
Teia do Universo
O telescópio eRosita deverá observar cerca de 100.000 aglomerados galácticos, com uma atenção especial no meio intergaláctico - os espaços entre as galáxias. Em grande escala, esse meio apresenta "fios de matéria" que dão ao cosmos a estrutura de uma rede, com os aglomerados de galáxias se organizando nos nós dessa rede.
Os astrônomos também esperam que o telescópio de raios X detecte milhões de núcleos galácticos ativos, contendo buracos negros maciços.
Dentro da nossa Via Láctea, o eRosita deverá revelar muitas fontes de raios X, incluindo estrelas duplas e restos de explosões estelares, as supernovas. Objetos raros, como estrelas de nêutrons isoladas, também estão no plano de observação.
Câmera de raios X sendo montada em um dos tubos do telescópio eRosita. [Imagem: Peter Friedrich/MPE]
Telescópio de Wolter
Os raios X não podem ser coletados e focalizados com espelhos parabólicos normais, como os usados nos telescópios ópticos, porque os fótons de raios X têm uma energia muito elevada - ao chegar ao espelho, eles são transmitidos ou absorvidos, mas não refletidos. Para refleti-los a partir de uma superfície espelhada, os raios devem entrar no coletor em um ângulo muito baixo.
O eRosita é de um tipo conhecido como telescópio Wolter, no qual longos tubos reúnem os espelhos para aumentar o número de fótons coletados. O eRosita consiste em sete módulos espelhados idênticos, cada um com 54 conchas espelhadas aninhadas. Essas conchas são extremamente lisas e banhados a ouro para alcançar a refletividade necessária. No foco de cada módulo de espelho há uma câmera de raios X, CCDs especiais que funcionam abaixo dos 90º C para eliminar o ruído ao máximo.
Ao contrário do seu antecessor, o Rosat, que reentrou na atmosfera em 2011, depois de 21 anos no espaço, o eRosita não irá circular em órbita da Terra. Ele ficará estacionado a 1,5 milhão de km de distância, no ponto de libração Lagrange 2.
Assim, o telescópio não permanecerá estacionário, circunavegando este ponto em uma órbita estendida. Uma das vantagens é que o telescópio mantém sua orientação em relação ao Sol e à Terra, simplificando muito sua blindagem da radiação solar.
A missão eRosita deve durar cerca de sete anos.
FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLOGICA
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