Por Patrícia Gnipper
A agência espacial europeia (ESA) divulgou nesta semana imagens tiradas pelo satélite Mars Express que mostram locais onde, em um passado longínquo, existiam rios de água líquida em Marte, com mais de 1,6 km de largura e 198 metros de profundidade.
Acredita-se que há cerca de 3,4 bilhões de anos o Planeta Vermelho tinha bastante azul em sua paisagem, contendo um grande oceano em seu hemisfério norte, além de lagos e rios em diversos pontos de sua superfície que, hoje, é um enorme deserto. Ainda há alguma água por lá, na verdade, concentrada abaixo da calota polar sul, e cientistas acreditam que isso pode ser justificado com a presença de atividade vulcânica subterrânea em Marte, que teria gerado um fluxo de magma abaixo da superfície, emitindo calor de dentro para fora e, assim, possibilitando a existência de água líquida mesmo nos dias de hoje.
Em seu passado, Marte tinha uma atmosfera mais espessa e quente, o que permitia a existência de água corrente na superfície, e as evidências de que isso aconteceu de verdade são mostradas por meio de imagens e dados de satélites que orbitam o planeta, como é o caso do Mars Express da ESA. A fotos da vez revelam um sistema de vales em regiões montanhosas no sul do planeta, ao leste de uma cratera chamada Huygens.
As fotos mostram a região repleta de crateras de impacto e sinais de que um dia existiu fluxo de água ali. A água criava rios largos e profundos e, hoje, este vale é liso e fragmentado, ainda que mantenha bem visível as marcas do antigo leito de rio.
Foto tirada pelo Mars Express mostrando o vale que, hoje, é completamente seco, mas um dia já abrigou água líquida (Foto: ESA/DLR/Universidade Livre de Berlim)
De acordo com a agência espacial, "em geral, o sistema de vales parece se ramificar significativamente, formando um padrão um pouco parecido com os galhos de árvores oriundos de um tronco central — esse tipo de morfologia é conhecido como ‘dendrítico’". O termo deriva de dendron (palavra grega para árvore), e foi aplicado corretamente, pois é possível ver vários canais que se separam do vale central.
"Esses canais ramificados provavelmente foram formados pelo escoamento de água superficial em um fluxo anteriormente forte do rio, combinado com chuvas extensas, e acreditamos que esse fluxo tenha cortado o terreno existente em Marte, forjando novos caminhos e esculpindo a paisagem", continua a ESA em comunicado.
A mesma imagem com visão topográfica. As áreas em azul e roxo são as de menor altitude, com as regiões brancas, amarelas e vermelhas mostrando áreas de maior altitude (Foto: ESA/DLR/Universidade Livre de Berlim)
Bom, que um dia Marte teve água líquida abundante em sua superfície, isso já está comprovado. Agora, resta descobrir coisas como qual seria a fonte dessa água (possibilidades seriam o derretimento de geleiras, ou chuvas intensas), quanto tempo levou para que a água do planeta secasse, e se a existência de água líquida ali é sinônimo de que um dia Marte foi habitável, de repente até mesmo tendo formas de vida que se iniciaram ali como aconteceu com a Terra.
E talvez estejamos próximos de descobrir a resposta a essa última questão, pois a ESA enviará ao Planeta Vermelho a missão ExoMars com um rover que foi recentemente rebatizado de Franklin, em homenagem à "mãe do DNA" Rosalind Franklin, com previsão de lançamento para agosto de 2020 e chegada em 2021. A missão procurará por bioassinaturas em regiões marcianas em que um dia existiu água no estado líquido. Ainda, a NASA também vem procurando pelos mesmos sinais de vida, com o rover Curiosity ainda na ativa, a sonda InSight estudando o interior do planeta e, em breve, com o rover Mars 2020, que continuará o legado do Opportunity, cuja "morte" foi declarada recentemente.
FONTE: ESA via canaltech.com.br
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