Por Luciana Zaramela
Adivinha quem está investindo grana em tecnologia de ponta na medicina? Sim, ele: Bill Gates, aquele que já investiu até em uma privada que recicla cocô e transforma em energia. Por mais que tenha parecido irônico, não foi essa a nossa intenção. Gates é um bilionário que continua pensando fora da caixa e ampliando seus horizontes, realizando e incentivando inovações e sempre conquistando holofotes na mídia por suas ideias criativas — ou apoiando as ideias de outras pessoas.
O ex-CEO da Microsoft acredita que a medicina e a microrrobótica podem andar de mãos dadas e serem aprimoradas ao ponto de cirurgias serem realizadas de dentro para fora. Tanto que, nesta semana, ele aplicou US$ 10 milhões de seu "próprio bolso" (pelo fundo Gates Frontier) numa tecnologia que combina minúsculos robozinhos com realidade virtual.
Cirurgias minimamente invasivas a distância
Robôs podem ter várias formas, tipos e tamanhos. O novo conceito procura fazer com que minúsculos dispositivos quebrem barreiras e criem uma nova técnica cirúrgica com potencial de atuar em vários campos da medicina, de forma minimamente invasiva. O conceito explora a possibilidade de se operar um paciente fazendo a menor incisão abdominal possível, mesmo que a lesão esteja em níveis profundos ou dentro de órgãos.
Por meio de um corte pequeno, o cirurgião seria capaz de inserir um microrrobô no organismo do paciente, e, a partir de então, guiá-lo até o local da cirurgia com a ajuda da realidade virtual.
Os robôs teriam dois braços minúsculos e uma cabeça, que poderiam ser controlados pelo médico. É como se o dispositivo fosse uma miniatura do cirurgião que o controla, com a cabeça servindo para "enxergar" o local da cirurgia (equipada com câmeras) e os braços funcionando como as mãos do cirurgião.
Já que o médico, dessa forma, faz a cirurgia indiretamente, os avanços na tecnologia poderiam, inclusive, fazer com que ele operasse a distância, como uma variação expoente da telemedicina. Claro que, para isso, seria necessário ter uma internet ultrarrápida, com a menor latência possível.
Pequenos, mas não microscópicos
De acordo com Adam Sachs, cofundador da idealizadora Vicarious Surgical, os robôs seriam miniaturas de cirurgiões, mas não tão pequenos a ponto de percorrerem vasos sanguíneos ou as entranhas mais profundas do paciente. "Estamos trabalhando em maneiras de miniaturizar a robótica e transferir a técnica cirúrgica do médico para o interior da cavidade abdominal". Isso ajudaria a reduzir os custos de cirurgias maiores e torná-las mais acessíveis, já que grandes cirurgiões não precisariam viajar (muito menos os pacientes) para realizar os procedimentos.
"Se você liberar o movimento dentro da cavidade abdominal, não ficará limitado ao tamanho da incisão", explica Sachs. Segundo ele, os médicos ficam muito restritos ao tamanho dos cortes, o que acaba dificultando o campo de visão e limitando certos movimentos.
Segundo a Vicarious Surgical, com o investimento de Gates, a tecnologia agora está mais próxima de seu objetivo: transformar grandes cirurgiões em miniaturas e quebrar a barreira da distância, tornando os procedimentos mais acessíveis a mais locais no mundo.
FONTE: TechCrunch, Vicarious Surgical via canaltech.com.br
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