LSPM J0207+3331, UMA ANÃ-BRANCA COM ANÉIS DE POEIRA E OUTROS RESÍDUOS (FOTO: NASA GODDARD SPACE FLIGHT CENTER/SCOTT WIESSINGER)
A descoberta pode fazer especialistas repensarem tudo o que sabem sobre sistemas planetários
Enquanto colaborava com a NASA, a astrônoma amadora Melina Thévenot encontrou algo que trouxe aos cientistas novas dúvidas sobre o universo: trata-se de uma estrela anã branca que, além de ser a mais fria e a mais antiga do qualquer outra de que se tem notícia, também é rodeada de vários anéis de poeira e outros resíduos.
De acordo com um comunicado da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, a alemã participa do Backyard Worlds: Planet 9, projeto criado pela agência espacial do governo norte-americano há dois anos que conta com a ajuda de voluntários para analisar informações captadas por infravermelho em busca de novas descobertas.
A princípio, a astrônoma amadora pensou que poderia ter achado uma anã marrom fria, um tipo de objeto pequeno demais para ser estrela e grande demais para ser planeta. Como a luminosidade desse corpo celeste é muito baixa, astrônomos o encontram com mais facilidade quando próximo ao Sol.
No entanto, após uma análise, o time da Backyard Worlds: Planet 9 determinou que estavam diante de uma anã branca, e a batizaram de LSPM J0207+3331.
Esta animação mostra um flipbook contendo a anã branca LSPM J0207 + 3331 com anel circular.
Créditos: Mundos de Quintal: Planet 9 / Centro de Vôos Espaciais Goddard da NASA
O que chamou a atenção dos pesquisadores foram os discos e a idade da estrela. A J0207 tem aproximadamente 3 bilhões de anos – quase três vezes mais velha que qualquer outra anã branca com discos já encontrada. Ela é mais fria que outros corpos celestes do tipo e seus anéis são feitos de mais de um componente distinguível, o que nunca foi detectado em outra anã branca.
O astrônomo John Debes, do Space Telescope Science Institute em Baltimore, nos Estados Unidos, aponta que, por ser tão antiga, a poeira e os resíduos dos anéis da J0207 devem estar sendo acumulados na escala de bilhões de anos. Ele os compara aos grãos que passam em uma ampulheta: o fluxo de material é constante no início, porque os planetas "jogam" na direção da anã branca vários asteroides, e estes, por sua vez, se despedaçam e formam o disco. Porém, uma hora os cinturões de asteroides se esgotam, e a anã branca deixa de ser "alimentada". Os anéis, então, caem para superfície dela.
Desta forma, uma anã branca da idade da J0207 teria menos chances de ter discos ou anéis. "A maior parte dos modelos que os cientistas já criaram para explicar anéis em torno de anãs brancas só funcionam bem por volta dos 100 milhões de anos, então essa estrela está realmente desafiando nossas hipóteses sobre como sistemas planetários funcionam", observa Debes.
FONTE: REVISTA GALILEU
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