Como a matemática ajudou a construir o Império Chinês e imperador a dormir com 121 mulheres em 15 dias
Quando a Grécia entrava em declínio, a China fazia novas descobertas
Marcus du Sautoy
Matemático, do programa da BBC 'Gênios do Leste'
Da medição do tempo à navegação marítima, a matemática era essencial para as antigas civilizações.
A jornada da matemática começou no Egito, na Mesopotâmia e na Grécia, mas após o declínio dessas civilizações, estagnou no Ocidente.
No Oriente, entretanto, ela alcançaria novos e dinâmicos picos.
Na China antiga, a matemática foi fundamental nos cálculos que permitiram a construção da Grande Muralha, que se estendia por milhares de quilômetros.
Os números eram tão importantes que tinham um papel vital nos afazeres da corte imperial.
Planejamento amoroso matemático
O calendário e o movimento dos planetas influenciavam todas as decisões do imperador, até a forma como seus dias e suas noites eram planejados.
Conselheiros imperiais criaram um sistema para garantir que o imperador fizesse sexo com um grande número de mulheres de seu harém.
O sistema de harém chinês tentava maximizar a chance de um herdeiro
Ele era baseado em um conceito matemático chamado de progressão geométrica. A ideia era permitir que o imperador dormisse com 121 mulheres no espaço de 15 dias.
As mulheres eram divididas em grupos:
- A imperatriz
- 3 consortes
- 9 esposas
- 27 concubinas
- 81 escravas
Cada grupo de mulheres era três vezes maior do que o grupo anterior, então os matemáticos calculavam uma rota para que, no espaço de 15 noites, todas as mulheres do harém passassem pela cama do imperador.
A primeira noite era reservada para a imperatriz. A seguinte, para as três consortes. As nove esposas vinham depois, e nos dias seguintes as 27 concubinas eram escolhidas em um sistema de revezamento, nove por noite.
E no final, durante um período de nove noites, era a vez das 81 escravas, em grupos de nove.
O roteiro garantia que o imperador dormisse com as mulheres de maior status mais perto da lua cheia, para que a força feminina delas (o yin) estivesse no auge e pudesse estar à altura da força masculina do soberano (o yang).
O imperador amarelo, primeiro soberano da China
Ser o soberano com certeza exigia energia, mas o objetivo era claro – conseguir a melhor sucessão imperial possível.
E não era apenas a corte do imperador que dependia da matemática. Ela era central também na administração do Estado.
Fascinação matemática
A China antiga era um império vasto, em crescimento, com um código legal rigoroso, cobrança de impostos, e um sistema padronizado de pesos, medidas e dinheiro.
O império usava o sistema decimal cerca de mil anos antes do Ocidente adotá-lo, e resolviam equações que só surgiriam no outro lado do mundo no início do século 19.
A mitologia chinesa diz que o primeiro soberano da China, o Imperador Amarelo, fez com que uma de suas divindades criasse a matemática no ano 2800 a.C., pois acreditava que os números tinham um significado cósmico.
O ábaco era usado na China para fazer contas
Até hoje, a cultura chinesa mantém crenças no poder místico dos números.
Números ímpares são vistos como "masculinos", os números pares, como "femininos". O número quatro deve ser evitado a todo custo. O número oito traz boa sorte.
Os antigos chineses eram fascinados por padrões em números, e desenvolveram sua própria versão do jogo sudoku.
No século 6, o teorema do resto chinês já estava sendo usado na astronomia chinesa para medir movimentos planetários – e até hoje ele tem usos práticos, por exemplo, para criptografia na internet.
FONTE: BBC BRASIL
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