No final do ano passado, cientistas estavam esperançosos para descobrir uma nova partícula fundamental usando o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês). Em uma conferência de físicos em Chicago, os especialistas anunciaram que essas chances não existem mais.
Tudo começou em dezembro de 2015, quando dois grupos de físicos do LHC anunciaram que encontraram evidências de uma partícula que não estava prevista no modelo padrão – talvez um primo mais pesado do bóson de Higgs, ou até mesmo o gráviton, elemento quântico que contém a força da gravidade.
Os cientistas já alertavam que os dados não eram claros o suficiente para determinar uma descoberta, mas como dois experimentos independentes do LHC relataram os mesmos indícios, esta era uma grande promessa, que poderia se tornar uma grande descoberta.
Desde o início, os especialistas avisaram que sinais como estes – que indicam a existência de uma nova partícula – geralmente desaparecem ao se adicionar mais dados no estudo. E os novos dados foram analisados exaustivamente nos últimos tempos. Há algumas semanas, foi ficando mais claro que o sinal estava mesmo desaparecendo. Porém, muitas pessoas ainda estavam esperando para ver os resultados oficiais na International Conference on High Energy Physics (ICHEP 2016), que começou na semana passada, em Chicago.
E como é difícil manter esses resultados debaixo dos panos por muito tempo, o estudo vazou e as notícias se espalharam como fogo entre físicos, que postaram a respeito do tema no Facebook e Twitter. Matt Buckley, físico da Universidade Rutgers, disse ao Gizmodo que não sabia que os resultados eram vazados quando ele postou esta série de tuítes:
Essa nota confirma os rumores que vinham circulando por um tempo: o excesso de difótons a 750 GeV não foi encontrado nos novos dados.
Poderia-se manter alguma esperança irrealista de que eles irão aparecer novamente nos dados completos que serão divulgados hoje. Mas não. Isso é muito triste, porque confirmar a existência de novas partículas aqui seria incrível.
Mas os problemas com o Modelo Padrão continuam, e novas partículas devem existir. Em algum lugar. O LHC continua sendo o melhor lugar para se procurar.
Com o desaparecimento dos indícios após inserir mais dados, voltamos à estaca zero e tentaremos obter novidades usando os dados da maneira mais difícil.
O sinal desapareceu
Agora todos os dados são oficiais e os rumores foram confirmados: o sinal desapareceu. Abaixo estão os gráficos em detalhes do experimento CMS (Solenoide de Múon Compacto). Os traços azuis representam os dados originais de 2015, que nos davam esperança da nova partícula. Os traços vermelhos são os novos dados, e os pretos são os dois combinados.
E estes são os dados correspondentes da colaboração com o ATLAS (Dispositivo Instrumental Toroidal para o LHC).
Aqui um outro olhar para as descobertas do ATLAS. À esquerda, os novos dados; à direita, os novos e velhos combinados:
Seguindo em frente
Os físicos estão de luto, é claro. “A perda dos indícios do excesso de difótons a 750 GeV é um grande golpe para a comunidade”, escreveu Adam Falkowski, físico de partículas que colabora com o blog Resonaances sob o pseudônimo Jester. “Nós estamos passando pelos cinco estágios do luto, cada um no seu ritmo.”
Outros não pareceram se importar muito. “Acontece. Certamente estou desapontado, porém pouco surpreso”, escreveu o físico Matt Strassler em seu blog. “Coisas engraçadas acontecem com pequenas quantidades de dados.”
Para Matt Buckley, “sempre existe um certo segmento da comunidade teórica que gosta de sentar e contar histórias tristes quando nada é encontrado,” disse. “Sempre é o fim da física, sempre é um desastre. Mas ninguém cometeu um erro. As análises são boas, as estatísticas nos ferraram. Não termos provado é chato. Mas sobreviveremos e seguiremos em frente. Todo mundo no campo passa por isso.”
Ainda assim, ainda há muitos outros experimentos do LHC que devem ter seus resultados divulgados até o final do ano. E pelo menos nosso velho amigo Bosón de Higgs apareceu novamente entre os dados, duas vezes mais rápido do que apareceu durante a primeira vez do LHC.
[CERN]
Foto por CERN
FONTE: GIZMODO BRASIL
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