Por Patrícia Gnipper
A agência espacial europeia (ESA) tem uma missão chamada Hera, cujo objetivo principal é estudar as possibilidades de defesa da Terra contra asteroides potencialmente perigosos. E parte da missão envolve, claro, estudar esses objetos espaciais, com o sistema binário Didymos sendo visitado por uma nave em breve. Ele será um dos menores asteroides já visitado por nós, cujas dimensões podem ser comparadas às da Grande Pirâmide de Gizé, no Egito.
Com apenas 780 metros de diâmetro, Didymos é um pouco maior do que Bennu (com seus 500 metros de diâmetro), que está sendo estudado agora pela NASA com a missão Osiris-REx, e um pouco menor do que Ryugu (com cerca de 1km de diâmetro), asteroide que vem sendo estudado pelo Japão com a missão Hayabusa2. Mas, por ser um sistema binário (ou seja, dois objetos que se orbitam mutuamente), se considerarmos apenas a "Didymoon" — a "lua" do objeto maior —, podemos dizer que este será o menor asteroide a receber uma nave construída pelo ser humano na história da exploração espacial, uma vez que este pedaço de rocha tem somente 160 metros de diâmetro.
E seu tamanho diminuto foi uma das razões pelas quais a Didymoon vem sendo escolhida para a realização de experimentos de defesa planetária. A NASA lançará em 2022 a sonda DART para se chocar contra a lua de Didymos na tentativa de alterar sua órbita em torno de seu "gêmeo" maior. O objetivo é testar a viabilidade de projetos de deflexão de asteroides. Didymoon leva apenas 12 horas para orbitar Didymos, e se a NASA obtiver sucesso nessa missão, veremos essa órbita sendo modificada, comprovando que é possível desviar asteroides que sejam potencialmente perigosos para nosso planeta.
Uma montagem da Sociedade Planetária de 17 dos 18 asteroides e cometas que foram fotografados de perto a partir de junho de 2018, quando Hayabusa2 chegou a Ryugu. Esta versão é colorida, mas não mostra os corpos no albedo relativo correto.
Asteróides em comparação com Didymoon. Crédito: Ian Carnelli adaptando a sociedade planetária - imagem de E. Lakdawalla
Já com a missão europeia Hera, que deverá acontecer em 2026, a ideia é coletar informações importantes sobre o objeto, incluindo sua massa, propriedades superficiais e analisar a cratera gerada pelo impacto da DART. "Isso nos dará uma boa estimativa da transferência de momentum do impacto e, portanto, sua eficiência como uma técnica de deflexão", explica Michael Küppers, cientista do projeto Hera, pois "estes são parâmetros fundamentais para permitir a validação de modelos numéricos de impacto necessários para projetar futuras missões de deflexão de asteroides".
Dessa maneira, a ciência entenderá melhor se essa técnica pode ser usada até mesmo em asteroides maiores, com a certeza de que seríamos capazes de proteger a Terra contra impactos futuros, quando e se necessário.
Ainda, para Patrick Michel, cientista-chefe da Hera e diretor de pesquisas do Observatório Côte d'Azur, na França, objetos da classe de Didymoon podem ser ótimos candidatos para a mineração de asteroides. No momento, a missão Hera está em fase de estudos e será apresentada oficialmente na reunião Space19+ do conselho da ESA com ministros europeus. Seu lançamento está previsto para 2023, chegando a seu destino três anos depois.
FONTE: Phys.org via canaltech.com.br
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