Para ir além da camada superficial, a NASA está desenvolvendo um radar que estudará as profundezas das luas geladas de Júpiter.[Imagem: ESA/ATG/NASA/J. Nichols/JPL/Universidade do Arizona/DLR]
Lua com densidade baixa demais
Pode não ser tão simples como se esperava enviar uma sonda para pousar na lua Europa, de Júpiter.
Europa parece ser tão porosa que um robô ou sonda espacial pode simplesmente afundar na superfície da lua antes de ter tempo de transmitir qualquer informação.
Esta é a conclusão de uma equipe chefiada por Robert Nelson, do Instituto de Ciências Planetárias, nos EUA, depois de analisar cuidadosamente os dados que vêm sendo coletados ao longo dos anos das luas Io, Europa e Ganimedes, além de asteroides como o 44 Nysa e o 64 Angelina.
Devido às grandes chances de haver vida em Europa, a lua de Júpiter tornou-se o alvo número um na busca por vida extraterrestre - uma sonda espacial europeia será lançada rumo às luas de Júpiter nos próximos anos, enquanto uma missão com módulo de pouso está sendo desenvolvida pela NASA.
Fofo como neve
O dado principal é que as observações dessas luas e asteroides - dotados de atmosfera própria - têm revelado uma polarização negativa incomum quando as partículas brilhantes desses corpos são observadas com fotopolarimetria.
Depois de reproduzirem essas observações usando partículas experimentais em laboratório, Nelson e seus colegas descobriram que essas observações podem ser explicadas por partículas extremamente finas com espaços vazios superiores a cerca de 95%. Esses grãos - de gelo ou poeira congelada - teriam dimensões na ordem do comprimento de onda da luz usada nas observações, o que significa frações de micrômetros.
Isto corresponde a um material que seria menos denso do que a neve que tenha acabado de cair, que é extremamente fofa, cedendo facilmente ao peso de um ser humano ou mesmo de pequenos animais.
Assim, qualquer sonda ou robô espacial que tente pousar nessas luas - tipicamente pesando centenas de quilogramas - pode simplesmente afundar.
"É claro que, antes do desembarque da nave espacial robótica Luna 2, em 1959, havia preocupação de que a Lua pudesse ser coberta por poeira de baixa densidade na qual qualquer futuro astronauta pudesse afundar," disse Nelson. "Da mesma forma, devemos ter em mente que as observações remotas de ondas visíveis de objetos como Europa estão sondando apenas os micrômetros mais externos da superfície".
Bibliografia:
Laboratory simulations of planetary surfaces: Understanding regolith physical properties from remote photopolarimetric observations
Robert M. Nelson, Mark D. Boryta, Bruce W. Hapke, Kenneth S. Manatt, Yuriy Shkuratov, V. Psarev, Kurt Vandervoort, Desire Kroner, Adaze Nebedum, Christina L.Vides, John Quiñones
Icarus - International Journal of Solar System Studies
DOI: 10.1016/j.icarus.2017.11.021
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