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Brasileiros analisam a história da arte usando física


ESTUDO ANALISA PINTURAS ATRAVÉS POR MEIO DE ANÁLISES MATEMÁTICAS (FOTO: PEXELS)

Pesquisadores da Universidade de Maringá, no Paraná, estudaram os pixels de obras de arte para encontrar padrões

Quando o físico Haroldo Ribeiro começou a utilizar fórmulas matemáticas para analisar pinturas, foi criticado por vários pintores. “Eles achavam que não era possível quantificar a arte”, diz o físico da Universidade de Maringá, no Paraná, em entrevista à GALILEU. Mas foi o que ele fez: em parceria com Higor Sigaki, ele desenvolveu um programa de computador que desconstrói obras de arte e as transforma em conjuntos de números para encontrar um padrão nas pinturas e na evolução da arte.

Em sua pesquisa, os físicos calculam a probabilidade de os pintores seguirem um determinado padrão em cada momento da história. "A arte já é dividida por suas características e estilo como, por exemplo, moderna e contemporânea. Nós só verificamos o que os historiadores já sabem, mas desta vez de uma maneira matemática."

Analisando a quantidade de pixels nas pinturas e as transformando em matrizes, as obras são caracterizadas a partir de dois critérios: entropia e complexidade. A entropia é a desordem, ou seja, os pixels dispostos de maneira aleatória em uma imagem. Já o conceito de complexidade, dando jus ao nome, é um pouco mais difícil de entender.

Segundo Ribeiro, a pesquisa aborda como complexo algo que não é totalmente aleatório mas que também não segue um padrão regular. “Uma pintura muito aleatória não é complexa. No entanto, uma pintura completamente ordenada também não é. O complexo está entre o aleatório e o regular. Tem que estar no meio, mas distante dos dois”, explica.

A dupla foi capaz de encontrar uma mudança nos padrões das obras, assim como já diziam os historiadores. Na arte moderna, por exemplo, as pinturas costumam ter uma grande entropia, mas pouca complexidade, mostrando que a arte é mais aleatória e desordenada. No caso da arte pós-moderna, as pinturas têm alta complexidade e baixa entropia. As artes da renascença ficam entre os dois conceitos.

No trabalho, as duas pinturas abaixo são tomadas como exemplos. A primeira, "Who's Afraid of Red, Yellow and Blue", de Barnett Newman, é classificada como tendo baixa entropia e baixa complexidade, já que segue padrão regular. Já a segunda pintura, "The Garden of Earthly Delights", feita por Hieronymus Bosch, é considerada mais complexa, mas com um grau de entropia mediano.


TRÊS EXEMPLOS DE PINTURAS ANALISADAS PELA COMPLEXIDADE E ENTROPIA (FOTO: REPRODUÇÃO)

O objetivo da análise é realizar uma classificação cada vez mais efetiva das obras de arte. "Devido ao fato de o estudo da arte ser essencialmente comparativo, existe um limite claro para o número de obras de arte que um especialista pode estudar em um tempo razoável. Então é importante desenvolver algo que seja mais eficiente", avalia Ribeiro.

*Com supervisão de Isabela Moreira.

FONTE: REVISTA GALILEU

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