PLACA RETRATA MAAT, A DEUSA DA JUSTIÇA (FOTO: VINCENT FRANCIGNY / SEDEINGA ARCHAEOLOGICAL MISSION)
A região de Sedeinga, no Sudão, intriga arqueólogos há décadas. Relatos do século 19 descrevem um local cheio de relíquias do Antigo Egito, entre as quais estaria a tumba da rainha Tiye, avó de Tutancâmon e uma das mais importantes figuras do período. Ao vasculhar o local, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Científica Francês (CNRS) e da Unidade Frances de Serviços Arqueológicos no Sudão (SFDAS) encontraram placas de pedra com inscrições descrevendo um pouco de sua época.
Sedeinga faz parte de um território que compunha Núbia, lar dos primeiros reinos africanos e um dos maiores depósitos de ouro do Antigo Egito. A região contava com uma necrópole, uma "cidade dos mortos" de mais de 25 hectares de extensão. O grande cemitério possui vestígios de 80 pirâmides e mais de 100 tumbas.
Segundo os arqueólogos, as tumbas são dos reinos de Napata e Meroe, que formavam uma civilização conhecida como Kush. Durante as excavações em Sedeinga, os arqueólogos encontraram uma coleção de textos no idioma de More, que acaba de ser traduzida. "Todo texto conta uma história: o nome do falecido e seus pais, suas ocupações, a carreira dentro do reino, incluindo postos e locais, sua relação com famílias mais ricas", explicou o arqueólogo Vincent Francigny, que participou da expedição, em entrevista ao site Live Science.
(FOTO: VINCENT FRANCIGNY / SEDEINGA ARCHAEOLOGICAL MISSION)
Os textos revelam que os reinos eram locais importantes para as rotas de comércio do Antigo Egito e dão informações que ajudarão os pesquisadores a encontrarem novos lugares importantes do período, entender melhor a estrutura das administrações da religião e do reino em suas províncias.
Além de textos, algumas das placas contam com ilustrações. Uma delas representa Maat, a deusa da justiça e da verdade. "Meroe pegava emprestado e adaptava conceitos religiosos e culturais de outras tradições locais do Egito. Eles eram seletivos para o que poderia servir o propósito da família real e o desenvolvimento de suas sociedades faraônica, mas que em si não era egípcia", disse Francigny.
PEDRA COM INSCRIÇÕES DE CIVILIZAÇÃO ANTIGA (FOTO: VINCENT FRANCIGNY / SEDEINGA ARCHAEOLOGICAL MISSION)
Os arqueólogos pretendem continuar explorando a região, mas acreditam que muito pode ter se perdido por conta da proximidade ao rio Nilo, que provavelmente levou muitos dos objetos da época.
FONTE: REVISTA GALILEU
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