Pular para o conteúdo principal

Telescópio Webb da NASA vai procurar água interestelar


A luz azul de uma estrela recém-nascida ilumina a nebulosa de reflexão IC 2631. Esta nebulosa faz parte da região de formação estelar de Camaleão, que o Webb vai estudar para aprender mais sobre a formação da água e de outros gelos cósmicos.
Crédito: ESO

A água é crucial para a vida. Mas como é que fazemos água? Para "cozinhar" H2O, não basta apenas misturar hidrogênio e oxigênio. Requer as condições especiais encontradas nas profundezas de nuvens moleculares frias, onde a poeira protege contra a destrutiva radiação ultravioleta e ajuda às reações químicas. O Telescópio Espacial James Webb da NASA examinará esses reservatórios cósmicos para obter novos conhecimentos sobre a origem e evolução da água e sobre outros blocos de construção dos planetas habitáveis.

Uma nuvem molecular é uma nuvem interestelar composta por poeira, gás e por uma variedade de moléculas que variam desde o hidrogênio molecular (H2) até compostos orgânicos complexos contendo carbono. As nuvens moleculares possuem a maioria da água no Universo e servem como berçários para estrelas recém-nascidas e seus planetas.

Dentro destas nuvens, nas superfícies de pequenos grãos de poeira, os átomos de hidrogênio ligam-se com o oxigênio para formar água. O carbono junta-se ao hidrogênio para formar metano. O azoto junta-se ao hidrogênio para produzir amoníaco. Todas estas moléculas pegam-se à superfície de grãos de poeira, acumulando camadas geladas ao longo de milhões de anos. O resultado é uma vasta coleção de "flocos de neve" que são varridos por planetas infantis, fornecendo os materiais necessários para a vida como a conhecemos. "Se pudermos entender a complexidade química destes gelos na nuvem molecular, e como evoluem durante a formação de uma estrela e dos seus planetas, podemos avaliar se os blocos de construção da vida existem em cada sistema estelar," comenta Melissa McClure da Universidade de Amesterdão, a investigadora principal de um projeto que investiga gelos cósmicos.

Para entender estes processos, um dos primeiros objetivos científicos oficiais do Webb será examinar uma região de formação estelar próxima para determinar quais os gelos aí presentes. "Nós planeamos usar uma variedade de modos e capacidades dos instrumentos do Webb, não só para investigar esta região, mas também para aprender a melhor maneira de estudar gelos cósmicos," comenta Klaus Pontoppidan do STScI (Space Telescope Science Institute), investigador no projeto de McClure. Este projeto aproveitará os espectrógrafos de alta resolução do Webb para obter as observações mais sensíveis e precisas em comprimentos de onda que medem especificamente gelos. Os espectrógrafos do Webb, NIRSpec e MIRI, fornecerão até cinco vezes a precisão de qualquer telescópio espacial anterior em comprimentos de onda do infravermelho próximo e médio.

Estrelas infantis e berços de cometas

A equipa, liderada por McClue e pelos investigadores Adwin Boogert (Universidade do Hawaii) e Harold Linnartz (Universidade de Leiden), planeia ter como alvo o Complexo de Camaleão, uma região de formação estelar visível no hemisfério sul. Está localizado a cerca de 500 anos-luz da Terra e contém várias centenas de protoestrelas, as mais antigas com aproximadamente 1 milhão de anos. "Esta região tem um pouco de tudo o que procuramos," comenta Pontoppidan.

A equipa usará os sensíveis detetores infravermelhos do Webb para observar estrelas por trás da nuvem molecular. À medida que a luz dessas ténues estrelas de fundo passa através da nuvem, os gelos na nuvem absorvem parte da luz. Ao observar muitas estrelas de fundo espalhadas pelo céu, os astrônomos podem mapear os gelos em toda a expansão da nuvem e localizar onde se formam os diferentes gelos. Vão também ter como alvo protoestrelas individuais dentro da própria nuvem para aprender como a radiação ultravioleta dessas estrelas nascentes promove a criação de moléculas mais complexas.

Os astrônomos também vão examinar os locais de nascimento de planetas, discos rotativos de gás e poeira conhecidos como discos protoplanetários que rodeiam estrelas recém-formadas. Serão capazes de medir as quantidades e as abundâncias relativas dos gelos até 8 mil milhões de quilômetros da estrela infantil, pouco mais do que a distância orbital de Plutão no nosso Sistema Solar.

"Os cometas têm sido descritos como bolas de neve empoeiradas. Pelo menos parte da água nos oceanos da Terra foi provavelmente entregue pelos impactos de cometas no início da história do nosso Sistema Solar. Nós vamos observar os locais onde os cometas se formam em torno de outras estrelas," explicou Pontoppidan.

Experiências de laboratório

Para entender as observações do Webb, os cientistas precisarão de realizar experiências na Terra. Os espectrógrafos do Webb vão espalhar a radiação infravermelha num espectro. As diferentes moléculas absorvem a luz em determinados comprimentos de onda, ou cores, resultando em linhas espectrais escuras. Os laboratórios conseguem medir uma variedade de substâncias para criar uma base de dados de "impressões digitais" moleculares. Quando os astrônomos veem essas impressões digitais num espectro do Webb, podem então identificar a molécula ou família de moléculas que formaram as linhas de absorção.

"Os estudos de laboratório ajudarão a abordar duas questões-chave. A primeira é quais as moléculas presentes. Mas, igualmente importante, veremos como os gelos aí chegaram. Como é que se formaram? O que encontrarmos com o Webb ajudará a informar os nossos modelos e permitirá compreender os mecanismos da formação de gelo a temperaturas muito baixas," explicou Karin Öberg do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, investigadora do projeto.

"Serão precisos anos para estudar completamente os dados recolhidos pelo Webb," acrescenta Öberg.

O Telescópio Espacial James Webb será o principal observatório espacial infravermelho da próxima década. O Webb ajudará a Humanidade a resolver os mistérios do nosso Sistema Solar, a olhar além para mundos distantes em torno de outras estrelas e a investigar as misteriosas estruturas e origens do nosso Universo. É um projeto internacional liderado pela NASA e tem como parceiros a ESA e a CSA (Canadian Space Agency).


Nesta animação voamos por um disco protoplanetário em redor de uma estrela jovem. Dentro do disco, pequenos grãos de poeira acumulam camadas de gelo ao longo de milhares de anos. Estes "flocos de neve" cósmicos são varridos por planetas em formação, entregando ingredientes-chave para a vida.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt


Este espectro simulado do Telescópio Espacial Webb ilustra os tipos de moléculas que podem ser detetadas em regiões de formação estelar como a Nebulosa da Águia (fundo).
Crédito: NASA, ESA, equipe do Arquivo Hubble e M. McClure (Universidade de Amesterdão) e A. Boogert (Universidade do Hawaii)

FONTE: ASTRONOMIA ONLINE

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arquivo Ovni: Caso Jardinópolis

Jardinópolis esta distante 335 km da capital paulista, localizada na região de Ribeirão Preto foi palco de um acontecimento insólito na noite de 27 de dezembro de 2008, onde um grupo de adolescentes na época teriam presenciado a descida de luzes vermelhas e azuis num terreno baldio próximo de onde estavam, um dos garotos tomou uma imagem com seu celular, porém de baixa resolução. A seguir trecho extraído do blog feito por membros dos familiares dos jovens, contendo relatos e frame do vídeo feito. Relato dos envolvidos: "Por Luciene [AVISTAMENTO DE MEU FILHO] Sábado 27/12/2008, meu filho de 15 anos chega assustado em casa aproximadamente umas 23:45. Meu filho faz parte de um grupo de jovens da igreja católica, e acabando a missa, ele e seus amigos foram para uma pracinha. Essa pracinha fica em um bairro novo. E próximo daquele lugar tem uns terrenos baldios cheios de mato. Eles estavam conversando quando avistaram de longe luzes vermelhas e azuis no céu e logo essa luz

Mémorias da Ufologia: Caso SANTA ISABEL

FOTOS DO LAUDO Na localidade de Santa Izabel(SP) em junho de 1999, a Sra. Alzira Maria de Jesus foi encontrada morta na sua cama, e por volta das 8 hs da manhã sua nora percebe o fato e sai imediatamente para ir ao orelhão e ligar para o seu marido e espera à ajuda e , ao chegar de volta em casa quase 40 min.depois a nora vê o corpo da sra. com o rosto totalmente desfigurado e praticamente sem carne; foi feito o boletim de ocorrência na delegacia da cidade sob n°145/99 em 24 de Junho. Posteriormente confirmou-se que à causa da morte foi a parada respiratória, mas o que aconteceu realmente como rosto desta sra. num espaço menor de uma hora?O laudo é cita sobre as configurações do mesmo, inclusive nas cavidades oculares, mas o que teria causado à perda do rosto ficou indeterminada. Mais estranho ainda é que na noite anterior aos fatos foram vistas bolas de luz voando nessa região rural e no início da madrugada os animais,como cachorros,gansos,e outros começaram à fazer um intenso bar

Uma Nova Etapa!

Passados dez anos, Ufos Wilson trocou de nome e plataforma! Agora nos chamamos Banco de Dados Ufológicos e Científicos (BDUC). Nosso conteúdo segue o mesmo, levando informações sérias com foco principal na Ufologia Científica, porém divulgando e abrangendo todas as disciplinas científicas! A seguir o link do site, compartilhem e divulguem: https://bancodedadosufologicosecientificos.wordpress.com/