Pesquisador sugere que móvel feito de material colhido de meteoritos pode estar escondido sob o ápice da pirâmide
No começo de novembro de 2014, a revista Nature publicou os resultados do projeto "Scan Pyramid", destinado à exploração das pirâmides, liderado por Mehdi Tayoubi, do Instituto Hip de Paris, e por Kunihiro Morishima, da Universidade de Nagoya. Segundo os resultados do projeto, há um "grande vazio", de pelo menos 30 metros de comprimento, dentro da grande pirâmide de Quéops.
Descobrir a função desse espaço e o que nele abriga é claramente o desafio mais animador para os arqueólogos agora. Giulio Magli, Diretor do Departamento de Matemática e Professor de Arqueoastronomia da Universidade Politécnica de Milão, formulou uma das primeiras hipóteses.
A Pirâmide de Quéops, construída por volta de 1550 A.C, é um dos maiores, mais largos e complexos monumentos da história da arquitetura. Seus cômodos internos são acessíveis através de túneis estreitos. Um deles, antes de chegar à câmara funerária, aumenta seu comprimento de repente formando a chamada Grande Galeria. O cômodo recém-descoberto se encontra acima dessa galeria, mas não possui a função prática de "aliviar o peso" pois o teto dela, por si só, foi construído com esse objetivo usando uma técnica de suporte.
O que isso significa? Há uma possibilidade de interpretação que faz sentido, de acordo com o que sabemos da prática funerária religiosa egípcia e do que dizem os textos das Pirâmides. Nesses textos é dito que o Faraó, antes de alcançar as estrelas do norte, terá que passar pelos "portões do céu"e sentar no "trono de ferro".
Seção Norte-Sul da grande pirâmide com o "grande vazio" assinalado como uma mancha sobre a Grande Galeria
Dentro da Pirâmide há quatro hastes estreitas direcionadas para as estrelas. De acordo com os textos, a vida após a morte do faraó ocorreria no céu, em particular entre as constelações do norte, como "O Grande Carro"e "Draco". Dois dos quatro canais se encontram na fachada do monumento, enquanto os outros dois correm de encontro a duas portas. A do sul foi explorada diversas vezes sem que nenhum resultado fosse obtido, enquanto a do norte permanece fechada.
Essas portas provavelmente representam os "Portões do Céu", e a do norte pode vir a se comunicar com a sala recém-descoberta. Esta sala pode conter, em sua parte superior, localizada exatamente sob o ápice da grande pirâmide, um objeto essencial para Quéops depois que ele atravessasse os portões: o "Trono de Ferro" mencionado nos textos das pirâmides.
É possível ter uma ideia da aparência que esse objeto poderia ter olhando para o trono da mãe de Quéops, a rainha Hetépheres, que foi encontrado em pedaços e reconstruído pela Universidade de Harvard. É uma cadeira de madeira de cedro coberta com folhas de ouro e faiança. O de Quéops poderia ser similar, mas revestido com folhas de ferro finas. Claro que ela não foi feito de ferro derretido mas sim ferro meteorítico, que é o que cai do céu em forma de meteoritos ferrosos (podem ser distinguidos devido a sua alta porcentagem de Níquel) que também são citados nos textos. Os Egípcios conheciam esse material muito tempo antes de Quéops e continuaram a usá-lo em itens especiais destinados aos faraós durante milênios: pense-se, por exemplo, na famosa adaga de Tutankâmon.
Há uma forma de checar ou descartar essa hipótese: uma nova exploração do eixo norte. Essa é uma exploração muito aguardada, mesmo antes da descoberta do cômodo. No presente, é difícil dizer com certeza se os canais do norte levam para o quarto recém descoberto - o "grande vazio", nome que recebeu dos pesquisadores - por causa das imagens disponíveis. O projeto "Scan Pyramids" de fato utilizou uma técnica não invasiva baseada na medição de múons, partículas elementares que são geradas em raios cósmicos e absorvidas de formas diferentes dependendo dos materiais nos quais penetram. O resultado é similar a uma radiografia, e por isso exige interpretação.
Politécnico de Milão
FONTE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
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