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Estudo revela segredo do oceano de Encélado



POR SALVADOR NOGUEIRA

Um estudo feito por pesquisadores na Europa e nos Estados Unidos pode ter descoberto o segredo para a manutenção de um oceano habitável sob a crosta da pequenina lua Encélado, de Saturno.

De acordo com o trabalho, publicado nesta segunda-feira (06) na revista “Nature Astronomy”, o satélite natural pode manter seu oceano aquecido, em princípio, por até bilhões de anos, caso seu núcleo rochoso não seja completamente sólido, mas poroso, ou seja, cheio de vazios e interstícios, por onde a água do oceano pode fluir.

A hipótese é consistente com as observações feitas pela sonda Cassini, que de início foram recebidas como total surpresa pelos cientistas. Desde a missão Voyager a Saturno, em 1980, já se desconfiava que Encélado pudesse ter algum tipo de atividade geológica, uma vez que sua superfície se revelava livre de crateras e cheia de sinais de tectonismo.

Contudo, o que a Cassini revelou, a partir de 2005, foi um mundo extremamente ativo, a despeito de seu pequenino tamanho (504 km de diâmetro), com plumas de água sendo ejetadas para o espaço a partir de fissuras na região polar sul de Encélado.

O resultado, consistente com a presença de um oceano global sob a superfície congelada, era inesperado, porque não se imaginava que houvesse força de maré suficiente para manter a água em estado líquido, como há nas luas Europa e Ganimedes, de Júpiter. Encélado era simplesmente pequeno demais para isso, e os modelos sugeriam que ele deveria ter se congelado completamente poucos milhões de anos após sua formação.

A nova simulação tridimensional realizada por Gaël Choblet, da Universidade de Nantes, na França, e seus colegas mostra que este não precisa ser o caso se o núcleo rochoso de Encélado for poroso. Nesse caso, a força de maré agiria nele produzindo fricção capaz de gerar o calor extra para manter o oceano líquido. “Nós predizemos que essa atividade endogênica pode ser sustentada por dezenas de milhões a bilhões de anos”, escreveram os autores no artigo da “Nature Astronomy”.

Curiosamente, o modelo mostra também que existe uma tendência a liberar mais energia nas regiões polares, o que é consistente com a camada mais fina de gelo no polo sul e as plumas que dali emanam para o espaço, abastecendo de partículas o anel E de Saturno.


Modelo da estrutura interna de Encélado; núcleo poroso permite que a água do oceano seja processada em seu interior. (Crédito: ESA)

SEM ENTREGAR A IDADE
O trabalho é um passo importante para explicar as principais características globais observadas em Encélado pela Cassini: um oceano global, forte dissipação da energia de maré, uma espessura menor da crosta de gelo no polo sul e os indícios de atividade hidrotermal no leito rochoso do oceano, detectados a partir da composição das plumas.

Contudo, ele não nos aproxima de descobrirmos a verdadeira idade de Encélado. Há hoje duas possibilidades: ou a lua é tão antiga quanto Saturno e o resto do Sistema Solar, com 4,5 bilhões de anos, como em geral se pensava, ou ela pode ser tão jovem quanto “meros” 100 milhões de anos.

Nessa segunda possibilidade, apoiada por algumas evidências do estudo da dinâmica das luas mais internas de Saturno, Encélado teria se formado junto com os anéis do planeta e seria relativamente recente, fruto do colapso de um sistema primordial de luas destruído por impactos sucessivos.

Como a idade da lua está atrelada à dos anéis, está todo mundo de olho no processamento dos dados colhidos pela sonda Cassini em suas últimas semanas antes do mergulho final na atmosfera do planeta, em setembro. Eles podem indicar a massa total dos anéis e, com ela, uma estimativa mais fiel de sua idade.

A nova modelagem 3D do núcleo de Encélado é agnóstica com relação a isso: seus resultados são compatíveis tanto com uma lua que tem 4,5 bilhões de anos quanto com uma que tem apenas 100 milhões de anos. Contudo, essa pode ser a diferença entre uma lua habitável e uma lua habitada.

Sabemos, pelos dados da Cassini, que o oceano de Encélado tem a capacidade de abrigar bactérias metanógenas com extrema facilidade. Uma questão que fica é: Encélado teve os ingredientes certos para o surgimento da vida? Claramente, diversidade química não deve ter faltado. Os estudos da Cassini mostram a presença de moléculas orgânicas nas plumas que emanam do polo sul, e as simulações dos pesquisadores mostram que, com um núcleo poroso, toda a água do oceano teria sido “processada”, ou seja, teria passado pelo núcleo e experimentado temperaturas mais altas que 90 graus Celsius num período de 25 milhões a 250 milhões de anos.

Por outro lado, sabemos que o surgimento da vida não depende só de diversidade química e gradientes de energia apropriados. Um dos fatores essenciais na equação é tempo. Será que houve tempo suficiente em Encélado? Se a lua tem 4,5 bilhões de anos, pode apostar que sim. Se, contudo, ela tem apenas 100 milhões de anos, esse pode ter sido um fator limitante.

O mistério central de Encélado, portanto, continua. E os pesquisadores admitem isso. “Apenas missões futuras equipadas com instrumentos capazes de analisar as moléculas orgânicas nas plumas com precisão maior do que as medições da Cassini poderão nos dizer se as condições requeridas foram sustentadas por tempo suficiente para que a vida tenha emergido nesse distante mundo oceano”, concluem os autores em seu artigo.

Não sei quanto a você, mas, mal findada a missão Cassini, já não vejo a hora de termos outra espaçonave para explorar Saturno e suas luas.

FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br

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