Ilustração do de 2016 WF9 à medida que passa pela órbita de Júpiter em direção ao Sistema Solar interior.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
A missão NEOWISE da NASA descobriu recentemente alguns objetos celestes que viajam pela nossa vizinhança, incluindo um que tolda a linha entre asteroide e cometa. Outro - definitivamente um cometa - pode ser visto com binóculos esta semana.
Um objeto chamado 2016 WF9 foi detetado pelo projeto NEOWISE no dia 27 de novembro de 2016. Está numa órbita que o leva num passeio panorâmico do nosso Sistema Solar. Na sua maior distância ao Sol, aproxima-se da órbita de Júpiter. Ao longo de 4,9 anos terrestres, viaja para o interior, passando pela cintura de asteroides e pela órbita de Marte até que atinge o seu ponto orbital mais próximo do Sol dentro da órbita da Terra. Depois, dirige-se de volta para o Sistema Solar exterior. Objetos nestes tipos de órbitas têm múltiplas origens possíveis; poderá ter sido um cometa, ou poderá ter-se desviado de uma população de objetos escuros na cintura principal de asteroides.
2016 WF9 aproximar-se-á da órbita da Terra no dia 26 de fevereiro de 2017. A uma distância de quase 51 milhões de quilómetros, esta passagem não o trará particularmente perto. A trajetória de 2016 WF9 é bem compreendida e o objeto não é uma ameaça à Terra num futuro previsível.
Um objeto diferente, descoberto pelo NEOWISE um mês antes, é mais claramente um cometa, libertando poeira à medida que se aproxima do Sol. Este cometa, C/2016 U1 NEOWISE, "tem uma boa chance de se tornar visível através de um bom par de binóculos, embora não possamos ter certeza porque o brilho de um cometa é notoriamente imprevisível," afirma Paul Chodas, gestor do Centro de Estudos NEO (Near-Earth Object) da NASA no JPL em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.
Visto a partir do hemisfério norte durante a primeira semana de 2017, o cometa C/2016 U1 NEOWISE estará no céu a sudeste pouco antes do amanhecer. Move-se mais para sul com o passar dos dias e alcançará o seu ponto mais próximo do Sol, dentro da órbita de Mercúrio, no dia 14 de janeiro, antes de regressar aos confins do Sistema Solar exterior para uma órbita de milhares de anos. Embora seja visível para os observadores na Terra, também não é considerado uma ameaça para o nosso planeta.
O NEOWISE é a porção de caça a asteroides e cometas da missão WISE (Wide-Field Infrared Survey Explorer). Depois de descobrir mais de 34.000 asteroides durante a sua missão original, o NEOWISE acordou de hibernação no mês de dezembro de 2013 para procurar e aprender mais sobre asteroides e cometas que podem representar um perigo de impacto para a Terra. Caso 2016 WF9 venha a ser um cometa, será o 10.º descoberto desde a sua reativação. Se for um asteroide, será o 100.º descoberto desde a sua reativação.
O que os cientistas do NEOWISE realmente sabem é que 2016 WF9 é relativamente grande: entre 0,5 e 1 km de diâmetro.
É também um pouco escuro, refletindo uma baixa percentagem de luz que cai sobre a sua superfície. Este corpo assemelha-se com um cometa no que toca à refletividade e órbita, mas parece não possuir a característica nuvem de poeira e gás que define um cometa.
"2016 WF9 poderá ter origens cometárias," afirma James "Gerbs" Bauer, investigador principal adjunto no JPL. "Este objeto exemplifica que a fronteira entre asteroides e cometas é difusa; talvez com o tempo este objeto tenha perdido a maioria das substâncias voláteis que permanecem à superfície ou mesmo por baixo."
Os NEOs (Near-Earth objects - em português, objetos próximos da Terra) absorvem a maior parte da luz que cai sobre eles e reemitem essa energia em comprimentos de onda infravermelhos. Isto permite com que os detetores infravermelhos do NEOWISE estudem tanto NEOs escuros como claros com uma nitidez e sensibilidade quase iguais.
"Estes são objetos bastante escuros," afirma Joseph Masiero, membro da equipa do NEOWISE. "Pense no asfalto novo das ruas; estes objetos parecem-se com carvão, em alguns casos são ainda mais escuros que isso."
Os dados do NEOWISE têm sido usados para medir o tamanho de cada objeto próximo da Terra que observa. Trinta e um asteroides que o NEOWISE descobriu passam a cerca de 20 distâncias lunares da órbita da Terra, e 19 têm mais de 140 metros em diâmetro, mas refletem menos de 10% da luz que incide sobre eles.
O WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) completou o seu sétimo ano no espaço, depois de ter sido lançado no dia 14 de dezembro de 2009.
FONTE: http://www.ccvalg.pt/
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