Astrônomos da University of Minnesota Duluth e do North Carolina Museum of Natural Sciences identificaram uma nova classe de galáxia em anel. Batizada de PGC 1000714, ela possui um núcleo elíptico com não apenas um, mas dois anéis. É a única galáxia desse tipo conhecida no universo.
A maior parte das galáxias são espirais em forma de disco ou elípticas em forma de ovo, mas existem alguns formatos excêntricos também, como as lenticulares (quase que uma mistura entre espirais e elípticas), irregulares (que não possuem uma forme ou estrutura distinguível), e aquelas com densidades extremamente baixas conhecidas como objetos ultra difusos.
Entre essas excentricidades estão as galáxias em anel – belos objetos celestes que possuem um núcleo elíptico bem definido que é cercado por um único anel de estrelas, sem nada visível os conectando. A mais famosa desse tipo é o Objeto de Hoag, descoberta em 1950 e batizada em homenagem ao astrônomo que a viu pela primeira vez, Arthur Hoag.
As galáxias em anel, também conhecidas como Objetos de Hoag, são excepcionalmente raras no universo – menos de 0,1% de todas as galáxias observadas são desse tipo – e astrônomos fazem bastante barulho quando alguma é descoberta.
Uma galáxia em anel convencional, conhecida como Objeto de Hoag. Imagem: Hubble/NASA.
De acordo com o estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, nós podemos adicionar uma nova galáxia em anel para a pequena lista – mas é uma galáxia em anel que merece uma subclassificação própria: um núcleo elíptico cercado de dois anéis distinguíveis e independentes.
O objeto, conhecido como PGC 1000714, ou Galáxia de Burcin (que ganhou esse nome por causa da líder do estudo, Burcin Mutlu-Pakdil), está localizada a aproximadamente 359 milhões de anos-luz de distância e sua estrutura incomum está proporcionando aos cientistas descobertas únicas sobre como as galáxias se formam e evoluem.
A imagem da esquerda mostra uma imagem em cores não reais da PGC 1000714. A imagem da direita exibe um mapa bicolor que revela o anel exterior (azul) e o anel interior difuso (verde claro). Imagem: Ryan Beauchemin.
Ao analisar imagens em diversas faixas de frequência da galáxia, os pesquisadores detectaram um anel exterior azul, o que significa que ele é jovem (cerca de 0,13 bilhões de idade), envolto por um núcleo elíptico central vermelho e bem mais velho (5,5 bilhões de idade). Surpreendentemente, eles descobriram um segundo anel interior em volta do corpo central.
“Observamos galáxias com anel azul em volta de um corpo vermelho central antes, o mais conhecido desse tipo é o Objeto de Hoag. No entanto, a característica única dessa galáxia é o que parece ser uma anel interno vermelho mais velho e difuso”, observou Patrick Treuthardt, co-autor do estudo e astrofísico do North Carolina Museum of Natural Sciences, num comunicado.
Astrônomos não estão completamente convencidos sobre como as galáxias em anel se formam, mas é possível que as regiões exteriores surjam do resultado da colisão de gases. “As diferentes cores do anel interior e exterior sugere que essa galáxia passou por dois períodos diferentes de formação”, contou Mutlu-Pakdil. Dito isso, os pesquisadores acreditam que é praticamente impossível saber como os anéis dessa galáxia particular se formaram.
“Sempre que encontramos um objeto único ou estranho para estudar, ele desafia nossas teorias e suposições atuais sobre como o universo funciona”, disse Treuthardt. “Geralmente a descoberta nos diz que ainda temos muito o que aprender”.
[Monthly Notices of the Royal Astronomical Society]
Imagem do topo: Ao contrário de outras galáxias em anel, a PGC 1000714 possui dois anéis. É a primeira galáxia desse tipo descoberta. Créditos: Ryan Beauchemin.
FONTE: GIZMODO BRASIL
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