Uma equipe internacional de pesquisadores publicou um documento confirmando a existência do elemento químico de número 117, o ununséptio. Este é o metal mais pesado já criado: cada átomo pesa 40% a mais que o chumbo. Ele já tem espaço (quase) garantido na tabela periódica.
Setenta e dois cientistas e engenheiros de 16 instituições em todo o mundo colaboraram para confirmar a existência do elemento 117. O metal foi relatado pela primeira vez em 2010, por uma equipe de cientistas russos e americanos, mas agora está confirmado – e foi necessário bastante trabalho para chegar até aqui.
Elementos superpesados, que estão além do número atômico 104 na tabela periódica, não são observados na natureza. Eles só podem ser criados colidindo dois tipos diferentes de núcleos em um acelerador de partículas, e torcendo que alguns deles se fundam. No caso do ununséptio, isso significa mirar um feixe de íons de cálcio 48 em um alvo de berkélio 249.
Mas os ingredientes nesta receita de metal pesado são um desafio. Foram necessários dezoito meses para sintetizar 13 miligramas do berquélio usado no estudo; e como ele tem meia-vida de apenas 330 dias, é preciso correr depois que a amostra é criada.
Bem, tudo deu certo: a equipe, trabalhando no Centro Helmholtz para Pesquisa de Íons Pesados em Darmstadt (Alemanha), observou a criação de quatro átomos do elemento 117, embora eles tenham decaído em outros elementos dentro de milissegundos.
Agora que o elemento foi observado em vários experimentos, ele passará por uma nova análise: a IUPAP (União Internacional de Física Pura e Aplicada) e IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada) vão decidir se as evidências são fortes o bastante para adicionar o elemento permanentemente à tabela periódica. Se for o caso, o elemento 117 terá um nome de verdade – o termo “ununséptio” é provisório, derivado do latim para “um um sete”.
Por ser “o metal mais pesado já criado”, o elemento 117 já é uma conquista por si só. Mas a real importância desta descoberta é que ela avança o nosso conhecimento sobre uma região inexplorada da tabela periódica. O elemento 117 decai quase que imediatamente, mas ele produz isótopos que se mantêm estáveis por horas. “Isso é de suma importância, pois prevê-se que mesmo isótopos de vida mais longa existam em uma região de maior estabilidade nuclear”, explica o professor Christoph Düllmann, que liderou o estudo.
E há bastante trabalho pela frente: afinal, existem elementos mais pesados que o ununséptio. É o caso do elemento 118, ou ununóctio, descoberto em 2006 mas ainda não confirmado.
FONTE: http://journals.aps.org/
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