O primeiro pouso da Hayabusa2 para colher amostras no asteroide Ryugu, em 22 de fevereiro de 2019. (Crédito: Jaxa)
Por Salvador Nogueira
No dia 22 de fevereiro, a sonda Hayabusa2 deu seu primeiro “beijo passional” no asteroide Ryugu, descendo até a superfície apenas por um instante, para colher uma amostra e futuramente trazê-la de volta à Terra.
No próprio dia, foi possível dizer que o procedimento foi aparentemente bem-sucedido — a telemetria indicava que a espaçonave japonesa seguiu exatamente o protocolo e, ao pousar no asteroide, disparou com sucesso uma bala de tântalo na direção dele, fazendo com que pedras voassem para todo lado, inclusive para dentro de sua cápsula de coleta de amostras.
As imagens e dados colhidos durante o procedimento foram transmitidos para a Terra só nos dias subsequentes. Mas que imagens! Numa sequência de fotos que comprime quase 6 minutos em 1, pegamos carona com a Hayabusa2 durante seu pouso/decolagem do Ryugu. O processo levanta fragmentos de asteroide para tudo quanto é lado e dá a certeza de que a bala disparou. Uma boa notícia, já que sua predecessora, a Hayabusa, que visitou o asteroide Itokawa em 2005, não conseguiu dar o tiro. A falha fez com que ela trouxesse apenas microgramas de asteroide em seu compartimento de amostras. Agora a recompensa promete ser bem maior.
Com quase 1 km de diâmetro, o Ryugu é o primeiro asteroide do tipo C (rico em carbono) a ser visitado por uma espaçonave. A Hayabusa2 foi lançada em dezembro de 2014 e chegou a seu destino em junho de 2018. Desde então, mapeou toda a superfície do astro e fez aproximações pontuais para registrar detalhes de alguns locais-chave. Também liberou minirrovers que exploraram a superfície e enviaram imagens surreais desse estranho e pequeno mundo, e tudo culminou com o procedimento de coleta de amostras. Mas a emoção ainda não acabou.
Se você achou que um tiro a 300 metros por segundo foi insuficiente, a próxima etapa, marcada para abril, envolverá o uso de explosivos para disparar um bloco de cobre dez vezes mais depressa na direção da superfície. O objetivo é abrir uma cratera de alguns poucos metros e expor material do interior do asteroide.
Após esse disparo de canhão, a equipe da Hayabusa2 vai decidir se realiza mais uma tentativa de pouso e coleta de amostras — talvez do interior da cratera recém-formada. Mas isso não acontecerá antes de junho. O prazo final para a sonda tomar o caminho de volta para a Terra é dezembro, para chegar ao planeta com suas preciosas amostras dali um ano. Ainda tem muito chão pela frente, mas a missão japonesa já se mostra a mais memorável visita a um asteroide até hoje registrada nos anais da exploração espacial.
FONTE: mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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