Esta série de imagens da MapCam foi obtida durante 4 horas e 19 minutos no dia 4 de dezembro de 2018, pela OSIRIS-REx, quando fez a sua primeira passagem pelo polo norte do asteroide. As imagens foram captadas quando o orbitador se aproximava de Bennu, antes da maior aproximação ao polo do asteroide. À medida que o asteroide gira e se torna maior no campo de visão, a distância ao centro de Bennu encolhe de 11,4 para 9,3 km. Esta foi a primeira de cinco passagens pelos polos e equador de Bennu que a OSIRIS-REx realizou durante o seu estudo preliminar do asteroide.
Crédito: NASA/Goddard/Universidade do Arizona
No final de 2018, a sonda OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security-Regolith Explorer) chegou a Bennu, o asteroide que vai estudar durante os próximos anos.
Agora, uma nova investigação publicada na revista Geophysical Research Letters da União Geofísica Americana mostra que Bennu está a girar mais depressa com o passar do tempo - uma observação que vai ajudar os cientistas a entender a evolução dos asteroides, a sua potencial ameaça à Terra e se os seus recursos podem ser minados.
Bennu está a 110 milhões de quilômetros da Terra. À medida que se move pelo espaço a mais ou menos 101.000 km/h, também gira, completando uma rotação completa a cada 4,3 horas.
A nova investigação descobriu que a rotação do asteroide está a acelerar cerca de 1 segundo por século. Por outras palavras, o período de rotação de Bennu está a diminuir cerca de 1 segundo a cada 100 anos.
Embora o aumento na aceleração possa não parecer um valor elevado, ao longo do tempo pode traduzir-se em mudanças dramáticas na rocha espacial. Segundo os autores do estudo, à medida que gira cada vez mais depressa, com o passar de milhões de anos, pode perder fragmentos ou até desfazer-se.
A detecção da subida na rotação ajuda os cientistas a compreender os tipos de mudanças que podem ter ocorrido em Bennu, como deslizamentos ou outras mudanças a longo prazo, que a missão OSIRIS-REx vai analisar.
"À medida que o período de rotação diminui, as coisas devem mudar, por isso vamos procurar essas coisas e a detecção desta aceleração dá-nos algumas pistas sobre os tipos de coisas que devemos procurar," comenta Mike Nolan, investigador do LPL (Lunar and Planetary Laboratory) da Universidade do Arizona em Tucson, EUA, autor principal do novo artigo e líder da equipe científica da missão OSIRIS-REx. "Temos que procurar evidências de algo diferente no passado recente e é possível que as coisas ainda estejam a mudar."
A missão OSIRIS-REx está programada para trazer uma amostra de Bennu para a Terra em 2023. A compreensão das alterações rotacionais de Bennu pode ajudar os cientistas a descobrir o que os asteroides nos podem dizer sobre a origem do Sistema Solar, quão provável é o seu papel como ameaça para os seres humanos e se os seus recursos podem ser extraídos.
"Se quisermos fazer estas coisas, temos que saber o que está a afetando-o," acrescenta Nolan.
Detectando uma mudança
A fim de entender a rotação de Bennu, os cientistas estudaram dados do asteroide, obtidos a partir da Terra em 1999 e 2005, juntamente com dados recolhidos pelo Telescópio Espacial Hubble em 2012. Quando examinaram os dados do Hubble é que notaram que a velocidade de rotação do asteroide em 2012 não correspondia às suas previsões com base nos dados anteriores.
"Os três conjuntos de dados não encaixavam corretamente," explicou Nolan. "E foi aí que surgiu a ideia de que tinha que estar acelerando."
Segundo Nolan, a ideia de que a rotação dos asteroides pode acelerar com o tempo foi prevista inicialmente em meados de 2000 e detectada pela primeira vez em 2007. Até à data, esta aceleração só foi detectada num punhado de asteroides.
A mudança na rotação de Bennu pode ser devida a uma alteração na sua forma. Tal como os patinadores de gelo aceleram ao colocar os braços junto ao corpo, um asteroide pode acelerar à medida que perde material.
Nolan e co-autores sugerem que a razão para a diminuição do período de rotação de Bennu é mais provavelmente devida a um fenômeno conhecido como efeito YORP. A luz solar que atinge o asteroide é refletida para o espaço. A mudança na direção da luz que entra e sai empurra o asteroide e pode fazê-lo girar mais depressa, dependendo da sua forma e rotação.
A missão OSIRIS-REx vai determinar, este ano e de forma independente, a rotação de Bennu, o que vai ajudar os cientistas a descobrir o motivo da aceleração. Tendo em conta que as naves espaciais nunca irão visitar a grande maioria dos asteroides, as medições também vão ajudar os cientistas a aprender quão bem as medições obtidas no solo são capazes de analisar estes objetos distantes.
"Ao testarmos estas previsões, com alguns casos, vamos melhorar significativamente a nossa confiança nas previsões feitas para outros objetos," escrevem os autores do estudo.
A medição da aceleração de Bennu, combinada com a chegada da OSIRIS-REx ao asteroide, dá aos cientistas uma grande oportunidade para validar os resultados do novo estudo e testar teorias sobre o efeito YORP, disse Desiree Cotto-Figueroa, professora assistente de física e eletrônica na Universidade de Porto Rio em Humacao, que não esteve envolvida no novo estudo.
"Esta é, no geral, uma grande oportunidade, tendo esta medição e tendo a sonda OSIRIS-REx a observar o asteroide 'in situ', para nos ajudar a entender melhor este efeito, que é um mecanismo dominante na evolução dos asteroides," conclui.
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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