Por Ryan F. Mandelbaum
Cientistas relatam ter encontrado evidências de um antigo sistema de águas subterrâneas em Marte, de acordo com um novo estudo. As pistas apareceram em imagens captadas por orbitadores de Marte.
Estudos seguem encontrando evidências de que Marte já foi úmido, desde a composição química de sua poeira até vales aparentemente cortados por rios antigos. Mas quanta água e quais efeitos ela teve ainda são assuntos para discussão. Os pesquisadores por trás do novo estudo descobriram evidências de níveis flutuantes de água subterrânea em crateras em todo o Planeta Vermelho.
“Essas bacias profundas (lagos subterrâneos abastecidos por águas subterrâneas) serão de interesse para futuras missões de exploração, pois podem fornecer evidências de condições geológicas adequadas à vida”, escreveram os cientistas no artigo publicado nesta quinta-feira (27) no Journal of Geophysical Research-Planets.
A paisagem marciana. Foto: Agência Espacial Europeia (ESA)
Os pesquisadores analisaram uma amostra de imagens de crateras de impacto no hemisfério norte de Marte tiradas pelo HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) e pela Câmara de Contexto (CTX) do Orbitador de Reconhecimento de Marte, da NASA, e da High Resolution Stereo Camera (HRSC), do orbitador Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA). Eles identificaram 24 crateras de 1,4 a 3,1 quilômetros de profundidade, que foram analisadas em busca de provas da influência da água subterrânea.
Várias linhas de evidência apareceram na análise. Algumas das crateras tinham vales que pareciam ser formados pela erosão da água. Algumas tinham canais esculpidos em suas paredes. Outras tinham “terraços”, plataformas que poderiam ter sido formadas pela presença de água parada. Quinze das crateras tinham formas de leque que pareciam deltas de rios. Algumas tinham cones que pareciam afluentes ramificados. Seus leitos eram planos, possivelmente devido ao depósito de sedimentos da água. Dezesseis das crateras tinham pilhas de detritos que pareciam ter sido provocadas por deslizamentos de terra.
Diagrama mostrando a água em recuo formando características em crateras atuais. Imagem: ESA
Em conjunto, esses pontos de dados, todos ocorrendo em profundidades semelhantes, fizeram com que os pesquisadores deduzissem que as características observadas nessas crateras “continham águas que progressivamente recuaram, deixando para trás acidentes geográficos em uma ordem cronológica específica”, diz o estudo. Mais importante ainda, as mesmas características observadas em todo o hemisfério norte do planeta sugeriram aos pesquisadores que Marte pode ter ficado saturado com água subterrânea para poder produzir os resultados vistos no artigo. O nível da água também se alinha com evidências existentes de um antigo oceano marciano.
Resultados como esses são empolgantes e seguem pintando Marte de 3,5 bilhões de anos como um lugar úmido como a Terra de hoje, com oceanos, rios e um lençol freático. Eles também fazem você pensar, é claro, se o planeta já abrigou vida. Serão necessárias missões como o ExoMars Rover Rosalind Franklin e o Mars2020 para caçar diretamente essas pistas de vida — e esse estudo dá aos cientistas um lugar para procurar.
FONTE: GIZMODO BRASIL
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