Por George Dvorsky
Os instrumentos a bordo do lander InSight, da NASA, estão agora coletando dados meteorológicos da superfície marciana, permitindo relatórios meteorológicos diários que estão sendo disponibilizados ao público.
Os relatórios meteorológicos diários da região de Elysium Planitia começaram em 11 de fevereiro e contêm informações sobre temperatura do ar, velocidade do vento e pressão do ar, informa a NASA.
No dia de São Valentim, 14 de fevereiro, o aterrissador InSight detectou uma máxima de -16 ºC, uma mínima de -95 ºC, uma velocidade máxima do vento de 58,5 km/h e uma pressão média do ar de 721,7 pascals.
Relatório meteorológico diário marciano de 11 a 17 de fevereiro de 2019. Imagem: NASA
A sonda InSight pousou perto do equador e está atualmente passando pelo inverno marciano — uma época em que as tempestades se tornam mais ativas. Notavelmente, a sonda já está captando dados meteorológicos para esse fim, como explicou em comunicado o astrônomo Don Banfield, da Universidade Cornell.
“Como o aterrissador está perto do equador, não pensei que veríamos alguma evidência das tempestades que estão a 60 graus de latitude norte, mas já estamos vendo evidências das ondas de sinais de alta e baixa pressão que criam o clima em Marte”, disse Banfield. “Podemos ver essas ondas bem abaixo, perto do equador, já que elas são grandes o suficiente para terem uma assinatura. Foi uma surpresa.”
Para coletar essas informações, a InSight é equipada com um conjunto de sensores desenvolvidos pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, pela Universidade Cornell e pelo Centro de Astrobiologia da Espanha.
Esses instrumentos, coletivamente conhecidos como Subsistema de Carga Útil Auxiliar (APSS), coletam dados a cada segundo de cada dia marciano (um dia marciano tem 24 horas, 39 minutos e 35,244 segundos). A InSight transmite esses dados de volta à Terra todos os dias, permitindo os relatórios meteorológicos diários. A sonda continuará com essa coleta de dados nos próximos dois anos, portanto, além das atualizações diárias, veremos um panorama geral em termos das variações de estação de Marte.
Os instrumentos TWINS no lander InSight, um voltado para leste e outro para oeste. Imagem: NASA/JPL-Caltech
O APSS consiste em um sensor de pressão de ar no interior do lander, um par de sensores de temperatura do ar e de vento no deck (chamados de TWINS) e em um magnetômetro (o primeiro a atingir a superfície de outro planeta) localizado na extremidade do deck. Um dos sensores TWINS está virado para leste e outro para oeste. Esse instrumento informará à equipe do InSight se ventos fortes estão interferindo com o sismômetro do lander, conhecido como SEIS.
De fato, o APSS é bom para meteorologia planetária, mas também é crucial para o sucesso da missão InSight. Ao monitorar as condições ao redor da sonda, os cientistas da NASA saberão se o clima está interrompendo equipamentos sensíveis, como o SEIS e a sonda de fluxo de calor, ambos agora instalados na superfície marciana. Ambos os instrumentos são afetados por grandes oscilações de temperatura, e o SEIS é particularmente sensível às mudanças de pressão do ar e ao vento.
“O APSS vai nos ajudar a filtrar o ruído ambiental nos dados sísmicos e saber quando estamos vendo um terremoto marciano e quando não estamos”, disse Banfield em um comunicado da NASA. “Ao operar continuamente, também teremos uma visão mais detalhada do clima do que a maioria das missões de superfície, que normalmente coletam dados apenas intermitentemente ao longo de um dia marciano.”
Concepção artística do lander InSight, da NASA, com seus instrumentos posicionados na superfície marciana. Imagem: NASA/JPL-Caltech
Como a NASA apontou, os TWINS também permitirão aos cientistas estudar a forma como os ventos movimentam a poeira em torno da superfície marciana:
Os cientistas não sabem quanto vento é preciso para levantar poeira na fina atmosfera de Marte, que afeta a formação de dunas e tempestades de poeira — incluindo tempestades de poeira que envolvem todo o planeta, como a que ocorreu no ano passado, efetivamente acabando com a missão do rover Opportunity.
O APSS também ajudará a equipe da missão a aprender sobre redemoinhos que deixaram marcas na superfície do planeta. Eles são basicamente redemoinhos de baixa pressão, então o sensor de pressão de ar da InSight pode detectar quando um deles está próximo. Ele é altamente sensível — dez vezes mais do que o equipamento nos landers Viking e Pathfinder —, permitindo que a equipe estude redemoinhos a dezenas de metros de distância.
Curiosamente — ou preocupantemente —, informações preliminares já sugerem que os redemoinhos são comuns na Elysium Planitia. Esses tornados de baixa pressão giram a quase 100 km/h.
“Eles sacodem o lander, e já vimos muito disso. Eles até inclinam o solo, (que nós sabemos) porque temos um sismômetro bastante sensível”, disse Banfield na declaração da NASA. “Na Terra, os redemoinhos do deserto provavelmente teriam 15 metros de diâmetro e quase um quilômetro de altura. Em Marte, eles podem ter de cinco a dez quilômetros de altura. Os grandes têm 100 ou mais metros de diâmetro.”
Isso é meio assustador. Um impacto direto de um redemoinho com tamanho e velocidade suficientes poderia não ser bom para a InSight e seus equipamentos sensíveis. Torcemos para que nada disso aconteça durante a missão.
[NASA, Universidade Cornell]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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