PESQUISADORAS DA NASA: LAURIE BARGE À ESQUERDA E ERIKA FLORE À DIREITA (FOTO: NASA/JPL-CALTECH)
Cientistas da NASA conduziram o estudo ao longo de nove anos, e procuram entender como a vida também poderia se formar em outros planetas
Cientistas da Nasa reproduziram em laboratório como os ingredientes para a formação da vida na Terra podem ter se formado no fundo do oceano há 4 bilhões de anos. Com os resultados, as pesquisadoras acreditam que podem entender melhor como a vida na Terra começou – e também onde podemos encontrá-la no universo. O estudo foi publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências.
Para o trabalho, a astrobiologista Laurie Barge e a sua equipe do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, nos Estados Unidos, formaram seus próprios fundos marinhos em miniatura, enchendo béqueres com misturas que imitam o oceano da Terra. Esses materiais feitos em laboratório atuam como viveiros de aminoácidos e compostos orgânicos, que são tão essenciais para a vida como a conhecemos.
"Compreender até que ponto você pode ir com apenas compostos orgânicos e minerais antes de ter uma célula real é realmente importante para entender de que tipos de ambientes a vida pode emergir", disse Barge, pesquisadora principal e primeira autora do novo estudo.
O ambiente escuro e quente do fundo do mar alimentado pela energia química disponível na Terra pode ser a chave para a formação da vida, quem sabe, em outros lugares mais remotos e distantes do Sistema Solar. "Se nós tivermos essas fontes hidrotermais aqui na Terra, possivelmente reações semelhantes poderiam ocorrer em outros planetas", disse Erika Flores, coautora do estudo.
Para a pesquisa, as cientistas utilizaram ingredientes que podem ser encontrados nos primeiros oceanos terrestres. Elas combinaram água, minerais e algumas moléculas precursoras: piruvato e amônia. Depois, aqueceram a solução a 70ºC — a mesma encontrada perto de fontes hidrotermais — e ajustaram o PH para uma solução alcalina.
Na expectativa de reproduzir o ambiente da Terra primitiva, as pesquisadoras também removeram o oxigênio da mistura que produziram; isso porque na formação do nosso planeta, havia pouco oxigênio disponível em seu oceano. Por último, elas usaram o mineral de hidróxido de ferro, conhecido como “ferrugem verde”.
SOLUÇÃO CRIADA POR PESQUISADORAS (FOTO: NASA)
O que elas encontraram
A ferrugem verde reagiu com uma pequena quantidade de oxigênio que havia sido injetada na solução, produzindo, assim, o aminoácido alanina e o alfa-hidroxiácido lactato. Cientistas teorizam que algumas dessas substâncias poderiam se combinar para formar moléculas orgânicas mais complexas e mais conhecidas à vida.
O estudo se destaca por ser a primeira vez que a equipe de Barge e Flores consegue assistir a um ambiente muito semelhante a uma fonte hidrotermal, além de ser o resultado de nove anos de trabalho das pesquisadoras.
"Nós mostramos que em condições geológicas similares às da Terra primitiva, e talvez às de outros planetas, podemos formar aminoácidos e alfa-hidroxiácidos a partir de uma reação simples sob condições brandas que existiriam no fundo do mar", disse Barge.
FONTE: REVISTA GALILEU
Comentários
Postar um comentário