Por Ryan F. Mandelbaum
Um novo projeto de levantamento astronômico lançou sua primeira rodada de dados, resultados e imagens incríveis, incluindo essa nova e incrível vista da nossa galáxia vizinha Andrômeda.
Um tema que remonta aos primeiros dias da astronomia é a observação de transientes — coisas que mudam no céu noturno. A Zwicky Transient Facility (ZTF) é um novo projeto criado para estudar esses eventos transitórios, incluindo estrelas colidindo com buracos negros, supernovas e asteroides. Os pesquisadores por trás da ZTF estão coletando dados usando uma nova câmera grande angular, de última geração, conectada ao Telescópio Samuel Oschin, no Observatório Palomar, no sul da Califórnia.
Imagem composta da galáxia Andromeda feita pela ZTF. Imagem: ZTF/D. Goldstein e R. Hurt/Caltech
“Esta é apenas a ponta do iceberg”, disse George Helou, coinvestigador da ZTF e diretor executivo do Centro de Processamento e Análise de Infravermelho da Caltech, em entrevista ao Gizmodo. “Estamos apenas começando a ver as coisas empolgantes.”
Enquanto muitos de nós, não astrônomos, estamos principalmente entusiasmados com as imagens incríveis, a primeira divulgação de resultados científicos da ZTF inclui algumas descobertas surpreendentes. O instrumento já encontrou 1.100 supernovas (as explosões enormes de grandes estrelas colapsando em si mesmas) e 50 asteroides próximos da Terra, incluindo dois asteroides próximos à Terra que passaram entre 115,8 mil e 122,3 mil quilômetros da Terra, assim como o asteroide 2019 AQ3, que tem o menor período orbital conhecido em torno do Sol entre todos os asteroides. Sua órbita está inteiramente dentro do círculo da Terra em torno do Sol.
A divulgação científica também inclui artigos que descrevem esses primeiros resultados, bem como métodos para classificar e compilar os dados, o software e o sistema de alerta do projeto.
A câmera de US$ 24 milhões (R$ 89,57 milhões) e 578 megapixels é capaz de fotografar todo o céu do hemisfério norte a cada três dias e tem divulgado relatórios no Astronomers Telegram desde meados do ano passado. Como grande parte de seu financiamento vem do governo dos Estados Unidos, muitos de seus dados são públicos, de acordo com um comunicado de imprensa.
Órbita do 2019 AQ3, o asteroide com o ano mais curto. Imagem: NASA/JPL-Caltech
Embora Helou tenha se entusiasmado com o hardware, ele ficou igualmente empolgado com o software, que emprega técnicas de análise de dados como aprendizado de máquina para obter informações significativas das pilhas de dados.
“Os cientistas precisam fazer análises estatísticas para encontrar as agulhas no palheiro”, disse Helou. “Se você olhar para o esforço que vai para as ferramentas que os cientistas usam para fazer sua ciência, no final, o lado dos dados e a análise de dados provavelmente excederá o investimento no hardware.”
O projeto ZTF é de última geração, mas é só uma amostra do que está por vir. A comunidade astronômica em breve terá outra câmera grande angular, o Grande Telescópio de Levantamento Sinóptico (LSST, na sigla em inglês), que deverá começar a operar em 2022. Essa instalação ficará no topo de uma montanha no deserto chileno e terá uma câmera de 3,2 gigapixels. Ela irá penetrar ainda mais fundo no espaço do que a ZTF, gerando imagens do céu inteiro de uma só vez.
Mas o novo e maior projeto não tornará a ZTF obsoleta — ela está fazendo um trabalho científico importante por si só, e os métodos desenvolvidos nas instalações da Califórnia encontrarão aplicação importante no LSST.
FONTE: GIZMODO BRASIL
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