Por George Dvorsky
O terreno sinuoso da Cordilheira Vera Rubin, em Marte, abriga a Curiosity da NASA há mais de um ano, mas é hora de o rover seguir em frente. Como um gesto final antes de caminhar em direção a uma região próxima rica em argila, a sonda capturou um impressionante panorama de 360 graus de seu local de trabalho final do alto de um dos montes.
Juntamente com a sonda InSight da NASA, a Curiosity é agora uma das duas únicas sondas funcionais na superfície marciana. O Opportunity está incomunicável desde que uma enorme tempestade de poeira envolveu o planeta no verão passado e o deixou fora de serviço, possivelmente para sempre. A Curiosity, que vem explorando a superfície marciana desde 2012, continua a rodar, apesar das rodas muito desgastadas, uma broca que exigiu alguns testes sérios no ano passado para voltar a funcionar e uma falha de memória que limitou suas capacidades.
A Curiosity está na Cratera de Gale, onde está explorando minerais ricos em ferro na Cordilheira Vera Rubin há mais de um ano. Dados recolhidos pela sonda sugerem que rochas dentro desta cadeia foram formadas por sedimentos que se acumularam no fundo de um lago marciano agora seco. No entanto, o motivo pelo qual essas rochas não estão se desgastando na mesma proporção que o leito rochoso ao redor delas continua sendo um mistério.
Tendo explorado a área em detalhes, os cientistas da NASA já direcionaram a sonda para uma nova região — uma “unidade argilosa” apelidada de Glen Torridon, de acordo com um comunicado da NASA. O rover vai gastar cerca de um ano explorando esta região, em sua busca contínua por sinais de habitabilidade anterior.
Em 19 de dezembro de 2018, a Curiosity usou sua câmera para capturar uma imagem panorâmica de 360 graus de sua área de trabalho final na cordilheira, especificamente um local de perfuração conhecido como Rock Hall. A imagem composta consiste em 112 fotografias, mostrando a área de trabalho futura, o piso da Cratera de Gale e o majestoso Monte Sharp no fundo. As cores da imagem foram ajustadas para mostrar como as rochas e a areia ficariam sob a luz do dia na Terra.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
A nova área de trabalho da Coriosity, descrita como um vale entre Cordilheira Vera Rubin e a área montanhosa ao redor da cratera, parece promissora em termos de seu potencial científico. Pesquisas anteriores realizadas pela sonda Mars, da NASA, sugerem que as rochas dessa região estão cheias de filossilicatos — minerais de argila que se formam na água. Os dados coletados em Glen Torridon poderiam nos dizer mais sobre os antigos lagos que outrora encheram a Cratera de Gale durante a história inicial do Planeta Vermelho.
“Além de indicar um ambiente previamente úmido, os minerais de argila são conhecidos por aprisionar e preservar moléculas orgânicas”, disse o cientista do projeto Curiosity, Ashwin Vasavada, em um comunicado. “Isso torna essa área especialmente promissora, e a equipe já está inspecionando a área para o próximo local de perfuração.”
Selfie tirada em 15 de janeiro de 2019. Crédito: NASA/JPL-Caltech
De fato, a Curiosity já descobriu vestígios de minerais de argila e moléculas orgânicas em Marte. Sozinhos, orgânicos não são sugestivos de vida, mas são os ingredientes crus necessários para ela. A presença prévia de água líquida e moléculas orgânicas na superfície sugere que o planeta já foi capaz de promover a vida, mas são necessários mais dados para provar isso. Ao explorar os depósitos ricos em argila em Glen Torridon, Curiosity pode revelar evidências dos ambientes anteriores em que essa hipótese da vida marciana poderia ter emergido.
Se os cientistas puderem provar que Marte já foi habitável (ao contrário de realmente propiciar o surgimento de seres vivos — são duas coisas diferentes), significa que nosso Sistema Solar já abrigou pelo menos dois planetas capazes de receber a vida. Se isso for verdade, tem ramificações sérias para nossa compreensão do potencial do Universo de ter vida em geral. Continue trabalhando, Curiosity. Nós queremos saber mais sobre isso.
[NASA]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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