EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA: LUCAS OLIVEIRA, LUCAS BOLDRINI, GIOVANNA CHRISTE, IDELI BAPTISTA, BRUNO BATISTA. AGACHADOS, DA ESQUERDA PARA A DIREITA: KATIANE TOSTES, SAMUEL PRATAVIEIRA, MARLON ZAMPIERI, ISABELLE TAIRA (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)
Estudantes da UFSCar buscam apoio para tirar ideia do papel e participar de competição internacional
Nunca estivemos tão perto de habitar Marte: o que antes parecia papo de ficção científica, agora começa a se consolidar como uma possibilidade real. Há quem diga que, em menos de dez anos, seremos capazes de levar pessoas para colonizar o Planeta Vermelho. Mas, antes disso, será preciso desenvolver tecnologias e fazer adaptações para garantir que a convivência de humanos seja possível em solo marciano.
Um grupo de estudantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) já começou a fazer sua parte para que essa possibilidade se torne real. Pensando em como garantir comida suficiente para sobreviver em Marte, nove alunos do curso de biotecnologia estão desenvolvendo leveduras fermentadoras capazes de sobreviver às condições marcianas. Se tudo ocorrer como planejado, esses microrganismos permitirão a produção de pão e outros alimentos fermentados por lá. “Quando decidimos o tema do projeto, testamos a hipótese e achamos que poderia funcionar, tanto pela relevância quanto pelo apelo”, explica a estudante Isabelle Taira, uma das integrantes do grupo, em entrevista à GALILEU.
Os jovens pretendem usar conceitos da biologia sintética e fazer com que as leveduras se comportem de maneira artificial. Para chegar ao resultado esperado, a ideia é fazer com que as leveduras apresentem uma maior quantidade de melanina — molécula responsável por “bloquear” a radiação solar. “Se conseguirmos revestir a levedura de melanina, ela pode ter uma resistência maior à radiação e sobreviver mais”, conta Taira.
Segundo ela, o grupo atualmente trabalha com duas hipóteses para atingir esse objetivo: na primeira, a intenção é modificar geneticamente a levedura para que ela possa processar a melanina sozinha; na segunda, o plano é fazer com que a levedura produza um receptor na membrana e, como um adesivo, “agarre” a melanina do meio externo.
A estudante ainda conta que, mais do que ajudar os astronautas na colonização de outros planetas, a ideia do projeto também é abrir outras possibilidades de aplicação para as leveduras. “Várias tecnologias que temos hoje foram criadas graças ao desenvolvimento espacial. A levedura que estamos desenvolvendo talvez também possa ser usada como um micromodelo para usinas de fermentação, por exemplo”, diz.
ROBÔ CURIOSITY EM MARTE (FOTO: ROBÔ CURIOSITY EM MARTE (FOTO: NASA JPL — CALTECH)
Tirando a ideia do papel
Ainda que alguns testes iniciais já tenham sido realizados, o projeto ainda está em fase inicial. Para que ele saia do papel, os alunos ainda precisarão testar a capacidade de sobrevivência e de fermentação das leveduras. Isso será avaliado em laboratórios da universidade, sob supervisão de professores orientadores. Balões estratosféricos e câmaras de simulação do ambiente marciano também serão utilizados.
Além de dar vida a esses planos, o objetivo do grupo é inscrever o projeto no IGEM 2019, a maior competição de biologia sintética do planeta, realizada anualmente na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Mas cobrir os custos da taxa de inscrição custa caro: cerca de US$ 5 mil. Para tentar driblar essa questão, os estudantes lançaram uma campanha de financiamento coletivo e, agora, tentam arrecadar o dinheiro que precisam. O crowdfunding é flexível, ou seja, quanto mais recursos captarem, maiores as chances de tirar a ideia do papel. Quem quiser ajudar tem até meados de março para fazer sua contribuição.
*Com supervisão de Isabela Moreira.
FONTE: REVISTA GALILEU
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