Remanescentes da supernova G54.1 + 0.3 (NASA, JPL-CALTECH, CXC, ESA, NRAO, J. RHO e Instituto SETI)
Os astrônomos argumentam há muito tempo que a frase "somos poeira de estrelas" é mais do que somente linguagem poética. Agora, novas evidências acrescentam outra estrofe a este grande verso cósmico.
A poeira da sílica - encontrada no núcleo da Terra, em praias arenosas, no concreto, no vidro e até mesmo telefones celulares - foi detectada dentro dos remanescentes de duas supernovas na Via Láctea. Essas observações, descritas em outubro passado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society, fornecem as primeiras evidências de que a sílica originou-se dentro de estrelas que explodiram.
"Este é um resultado importante. Descobriu-se que algo tão comum na Terra foi criado nas explosões mais violentas do Universo", diz a coautora do estudo, Haley Gomez, astrônoma da Universidade de Cardiff, no País de Gales. "É uma história de origem."
Os astrônomos há muito ponderam sobre como a poeira cósmica - seja ela composta, digamos, de sílica, carbono ou ferro - é criada. Inicialmente, pensaram que se formava quando estrelas parecidas com o Sol atingiam a idade avançada e lançavam ventos fortes, cujos gases eram levados a se condensar como grãos de poeira sólidos, exatamente como os flocos de neve se formam em uma atmosfera fria. Mas quando os observadores detectaram poeira em galáxias tão distantes que devem ter se formado logo após o Big Bang - bem antes que as estrelas semelhantes ao Sol pudessem ter evoluído - eles sabiam que deveria haver outra fonte.
Começou-se a suspeitar que a poeira apareceu dentro de explosões de supernovas logo após o Universo se formar, mas só recentemente os astrônomos detectaram, nas proximidades, um punhado de remanescentes de supernovas polvilhados com poeira. E Mikako Matsuura, uma astrônoma que também está em Cardiff, mas não estava envolvida no estudo, diz que está animada para ver mais evidências.
Se a poeira dentro desses remanescentes de supernova do Universo primordial também contiver sílica, os primeiros planetas poderiam ser semelhantes ao nosso próprio ponto azul-claro. "É muito interessante saber que planetas como a Terra podem surgir tão cedo" na história do Universo, diz Gomez. "Não leva 13 bilhões de anos."
Shannon Hall
FONTE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
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