TABELA PERIÓDICA DE 1885 FOI PRODUZIDA EM VIENA (FOTO: UNIVERSITY OF ST ANDREWS)
Produzido em 1885, quadro é um dos primeiros da Europa e ficou perdido em sala de universidade por mais de 46 anos
Em 2014, o professor Alan Aitken encontrou uma tabela periódica datada de 1885 em um acervo da Universidade St Andrews, na Escócia, que continha produtos de laboratório, equipamentos e outros objetos do departamento de química da faculdade.
A sala foi inaugurada em 1968, quando a St Andrews se mudou para o atual endereço. Ou seja, o quadro ficou guardado (e perdido) por 46 anos.
Durante o manuseio, os pesquisadores perceberam que seu material era muito frágil e começou a se desfazer. Por isso, o item foi diretamente enviado para autenticação e reparação.
A tabela é um dos primeiros exemplares do mundo, visto que não possui elementos posteriores identificados. Ela é escrita em alemão e uma inscrição no canto inferior esquerdo – 'Verlag v. Lenoir & Forster, Wien' – identifica uma impressora científica que operou em Viena, na Áustria, entre 1875 e 1888. Outra frase – 'Lith. von Ant. Hartinger & Sohn, Wien' – nomeia o litógrafo que gravou os itens no catálogo.
Eric Scerri, especialista em tabela periódica da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, estima que o quadro tenha sido produzido entre 1879 e 1886, com base nos elementos representados. Tanto o gálio (Ga) quanto o escândio (Sc) – descobertos em 1875 e 1879, respectivamente – estão presentes, enquanto o germânio, identificado em 1886, não está.
TABELA PERIÓDICA ANTIGA EM TRATAMENTO DE LAVAGEM (FOTO: UNIVERSITY OF ST ANDREWS)
Restauração
O suporte de papel do quadro era frágil e quebradiço, seu formato laminado e o revestimento de linho pesado contribuíam para sua condição mecânica ruim. Para torná-lo seguro e manuseável, a universidade recebeu um financiamento para a reparação.
O tratamento consistiu em remover a sujeira e detritos da superfície, separando o papel do suporte de linho. Houve lavagem em água desionizada ajustada a um pH neutro com hidróxido de cálcio para remover a descoloração solúvel e um pouco da acidez. Além disso, a tabela recebeu "desacidificação" por imersão em um banho de hidrogenocarbonato de magnésio para depositar reserva alcalina no papel. Para reparar rasgos e perdas, foi usado papel kozo japonês e pasta de amido de trigo.
O financiamento também permitiu a produção de um fac-símile (cópia) em tamanho real do quadro, que agora está em exibição no departamento de química da faculdade. A tabela original está armazenada em uma área climatizada do setor de Coleções Especiais da Universidade St Andrews.
Histórico
M Pilar Gil, pesquisadora da área de Coleções Especiais, encontrou nos registros financeiros antigos de St Andrews um pedido para a compra de uma tabela de 1885 pelo professor Thomas Purdie, em outubro de 1888. O item foi incluído nas despesas da turma de química daquela época. Segundo ela, esta tabela parece ser a única sobrevivente deste período em toda a Europa.
FONTE: REVISTA GALILEU
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