Imagem do asteroide Bennu (Foto: NASA/Goddard/University of Arizona)
Por Patrícia Gnipper
Há uma semana, a sonda OSIRIS-REx chegou ao asteroide Bennu, seu destino depois de dois anos de viagem. A sonda procurará pelo local ideal em sua superfície, de onde coletará amostras de solo e rochas e as trará para estudos na Terra. Mas, antes disso, a OSIRIS-REx já conseguiu uma vitória: descobriu que existe (ou já existiu) água no pequeno asteroide.
A missão, liderada por cientistas da Universidade do Arizona, apresentou os resultados nesta segunda-feira (10), mostrando que os dois espectrômetros da sonda (um que identifica luz visível e infravermelha, e outro de emissões térmicas) revelaram a presença de hidroxilas no asteroide. As hidroxilas são moléculas que contêm oxigênio ligado a átomos de hidrogênio, e a equipe suspeita que as hidroxilas estão em todo o asteroide em minerais argilosos — o que significa que, em algum momento, o material rochoso interagiu com água.
Contudo, especialistas acreditam que Bennu é pequeno demais para abrigar água no estado líquido. Ainda assim, a descoberta indica que a água líquida já esteve presente em algum momento da história do asteroide, quando ele, provavelmente, era muito maior do que o que vemos hoje em dia.
"Essa descoberta pode fornecer uma ligação importante entre o que achamos que aconteceu no espaço com asteroides como Bennu, e o que vemos nos meteoritos que os cientistas estudam em laboratório. É muito emocionante ver esses minerais hidratados distribuídos pela superfície de Bennu, porque isso sugere que eles são parte intrínseca da composição do asteroide, e não apenas borrifados em sua superfície por um impactador", explicou Ellen Howell, pesquisadora sênior do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade da Califórnia e membro da equipe de análise espectral da missão.
Além disso, Amy Simon, cientista da NASA, diz também que "a presença de minerais hidratados no asteroide confirma que Bennu, um remanescente desde o início da formação do Sistema Solar, é um excelente espécime para a missão OSIRIS-REx estudar a composição de voláteis primitivos e orgânicos".
Outro feito da sonda é que dados recentemente obtidos confirmam observações de radar anteriores, que mostraram que o formato de Bennu era similar ao de um diamante. Os dados também confirmam sua taxa de rotação, inclinação e aparência geral, além de revelarem que Bennu é uma mistura de regiões extremamente rochosas, cheias de pedregulhos, com algumas outras relativamente lisas, e a quantidade de pedras em sua superfície é maior do que a esperada.
"Nossos dados iniciais mostram que a equipe escolheu o asteroide correto como alvo da missão OSIRIS-REx. A espaçonave está saudável e os instrumentos científicos estão funcionando melhor do que o necessário. Agora é a hora de começar a aventura", comemora Dante Lauretta, principal pesquisador da missão. E, para Robert C. Robbins, presidente da Universidade do Arizona, "o que costumava ser ficção científica agora é uma realidade: nosso trabalho em Bennu nos aproxima da possibilidade de asteroides fornecerem a astronautas, em futuras missões, recursos como combustível e água".
A sonda OSIRIS-REx vai fazer sua primeira inserção orbital no dia 31 de dezembro, permanecendo em órbita até meados de fevereiro de 2019. No total, a missão durará sete anos, com a sonda coletando cerca de 2 quilos de materiais por meio de um "braço" que sairá da sonda e encostará na superfície do asteroide. Depois disso, a sonda voltará à Terra, o que deve acontecer em setembro de 2023.
FONTE: www.eurekalert.org via canaltech.com.br
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