Uma equipe que reuniu 1200 cientistas de 52 países estudou a biosfera profunda por 10 anos, e descobriu que ela é bem maior do que imaginávamos
(SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Por Ingrid Luisa
Apesar do calor extremo, da grande pressão e da falta de luz, oxigênio e nutrientes, a biosfera subterrânea abriga um ecossistema maior do que se imaginava. Uma equipe que reuniu cerca de 1.200 cientistas de 52 países investigou por 10 anos para cravar: existe um ecossistema – uma “Galápagos subterrânea”, nas palavras deles –, a até 5 quilômetros abaixo do fundo dos oceanos, que abriga entre 15 e 23 bilhões de toneladas de microrganismos.
Traduzindo esse número, os bichinhos pesam cerca de 300 vezes mais que a massa das 7,6 bilhões de pessoas do mundo juntas. Em volume, eles ocupam de 2 a 2,3 bilhões de quilômetros cúbicos – quase o dobro do volume de todos os oceanos do planeta.
Os Pesquisadores do Observatório Deep Carbon, responsáveis pela descoberta, afirmam que a diversidade de espécies do submundo tem comparação com as da Amazônia (ou das próprias Ilhas Galápagos). Nele, vivem representantes dos três domínios da vida: bactérias, archaea (micróbios sem núcleo ligado à membrana) e eucariontes (micróbios ou organismos multicelulares com células nucleadas e organelas ligadas à membrana) — levando em conta a classificação de Carl Woese, de 1977, que divide os seres vivos de acordo com aspectos evolutivos a partir da comparação de sequências de RNA ribossomal.
Mas, ao contrário dos grandes biomas, a biosfera profunda ainda é algo relativamente novo e pouco estudado pelo o homem. Para desvendá-lo melhor, os cientistas perfuraram 2,5 km no fundo do mar, além de terem recolhido amostras de micróbios provenientes de minas no continente e buracos com mais de 5 km de profundidade. Microscópios que permitem que a vida seja detectada em níveis cada vez mais reduzidos também foram essenciais para o estudo.
Os resultados mostram que 70% das bactérias e archaea do planeta estão no subsolo. E micróbios profundos são muito diferentes de seus primos de superfície, com ciclos de vida em escalas de tempo bizarramente maiores. Rick Colwell, ecologista microbiano da Oregon State University, que contribuiu com o estudo, disse que alguns microrganismos estão vivos há milhares de anos, mal se movendo, exceto com mudanças nas placas tectônicas, terremotos ou erupções.
“Nós, humanos, nos orientamos para processos relativamente rápidos, ciclos diurnos baseados no sol, ou ciclos lunares baseados na lua, mas esses organismos fazem parte de ciclos lentos e persistentes em escalas de tempo geológicas”, afirmou o ecologista.
FONTE: REVISTA GALILEU
Comentários
Postar um comentário