As múltiplas imagens da galáxia descoberta, assinaladas pelas setas brancas (em baixo e à direita está a escala da imagem em arcos de segundo).
Crédito: Telescópio Espacial Hubble
Graças a uma imagem ampliada produzida por uma lente gravitacional, e ao Gran Telescopio CANARIAS (GTC), uma equipe de cientistas da Universidade Politécnica de Cartagena e do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) descobriu uma das galáxias mais brilhantes, conhecidas, da época em que o Universo tinha 20% da sua idade atual.
De acordo com a teoria da Relatividade Geral de Einstein, quando um raio de luz passa perto de um objeto muito massivo, a gravidade do objeto atrai os fótons e desvia-os do seu percurso inicial. Este fenômeno, conhecido como lente gravitacional, é comparável ao produzido por lentes sobre raios de luz e atua como uma espécie de lupa, alterando o tamanho e intensidade da imagem aparente do objeto original.
Usando este efeito, uma equipa de cientistas do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) liderada pelo investigador Anastasio Díaz-Sánches da Universidade Politécnica de Cartagena (UPT), descobriu uma galáxia muito distante, a cerca de 10 bilhões de anos-luz de distância, aproximadamente mil vezes mais brilhante do que a Via Láctea. É a mais brilhante das galáxias submilimétricas, assim chamadas devido à sua emissão muito forte no infravermelho distante. Para a medir, usaram o Gran Telescopio Canarias (GTC) do Observatório Roque de los Muchachos (Garafía, La Palma).
"Graças à lente gravitacional", realça Anastasio Díaz Sánchez, o autor principal do artigo científico, "produzida por um enxame de galáxias entre nós e a fonte, que atua como se fosse um telescópio, a galáxia aparenta ser 11 vezes maior e mais brilhante do que realmente é, e aparece em várias imagens num arco centrado na parte mais densa do enxame, conhecido como "Anel de Einstein". A vantagem deste tipo de ampliação é que não distorce as propriedades espectrais da luz, que podem ser estudadas para estes objetos muito distantes como se estivessem muito mais próximos."
Para encontrar esta galáxia, cuja descoberta foi publicada recentemente na revista The Astrophysical Journal Letters, foi realizada uma busca por todo o céu, combinando as bases de dados dos satélites WISE (NASA) e Planck (ESA) a fim de identificar as mais brilhantes galáxias submilimétricas. A sua luz, ampliada por um enxame galáctico muito mais perto que atua como lente, forma uma imagem que parece muito maior do que deveria ser e, graças a esse efeito, conseguiram usar o GTC para caracterizar espectroscópicamente a sua natureza e as suas propriedades.
Formando estrelas a alta velocidade
A galáxia destaca-se por ter uma alta taxa de formação estelar. Esta formando estrelas a um ritmo de 1000 massas solares por ano, em comparação com a Via Láctea, que forma estrelas a um ritmo de aproximadamente duas massas solares por ano. Susana Iglesias-Groth, astrofísica do IAC e coautora do artigo, acrescenta: "Este tipo de objetos abriga as mais poderosas regiões de formação estelar conhecidas do Universo. O próximo passo será estudar o seu conteúdo molecular."
O facto de a galáxia ser tão brilhante, da sua luz estar ampliada gravitacionalmente e de existirem imagens múltiplas, permite-nos examinar as suas propriedades internas, o que de outro modo não seria possível com galáxias tão distantes.
"No futuro seremos capazes de fazer estudos mais detalhados da sua formação estelar usando interferômetros como o NOEMA/IRAM (Northern Extended Millimeter Array), na França, e o ALMA (Atacama Large Millimeter Array) no Chile," conclui o investigador Helmut Dannerbauer do IAC, que também contribuiu para esta descoberta.
FONTE: http://www.ccvalg.pt
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