A corrida espacial nunca acabou de verdade. Ainda mais agora que os EUA montaram um centro de operações espaciais com foco na preparação para conflitos que possam ocorrer acima da atmosfera da Terra.
Atualmente, o espaço é um ambiente livre de armas, mas isso pode mudar no futuro. O Departamento de Defesa dos EUA planeja inaugurar um centro de guerra espacial dentro dos próximos seis meses — de acordo com Robert Work, secretário interino da Defesa, que conversou sobre o projeto essa semana no GEOINT 2015, uma conferência anual de inteligência patrocinada pela Fundação de Inteligência Geoespacial dos Estados Unidos.
O novo centro espacial rastreará simultaneamente satélites espiões e militares para que a inteligência e o exército americano possam trabalhar em conjunto e com acesso a todas as informações dos satélites, o que colaboraria para que eles elaborassem as melhores defesas contra possíveis ataques — especialmente contra ataques direcionados ao sistema de satélites dos EUA. O centro será uma espécie de backup para o Joint Space Operations Center, um centro militar localizado na Califórnia.
O governo americano já conta com tecnologias e forças militares no espaço: satélites das Forças Aéreas, que providenciam inúmeras informações que vão desde coordenadas de geolocalização, a dados climáticos e mapas em alta resolução. Mas apesar destes satélites terem um papel importante nas forças armadas, eles não são armas.
Durante a Guerra Fria, a União Soviética foi dona de um satélite com um canhão antiaéreo e China e EUA já destruíram alguns satélites desativados — esta ação pode ter sido para remover peso morto da órbita terrestre, ou para mostrar a outros países que eles têm o poder e a tecnologia para destruir satélites em órbita.
O novo centro, entretanto, não focará apenas em repelir ataques espaciais. De acordo com o site Defense One, Work diz que criar um centro que recebe todas as comunicações de satélites de departamentos do governo americano melhoraria coleta de informações geoespaciais, pois providenciaria acesso a maior parte das imagens registradas por satélites do governo:
“Se soldados russos registram fotografias deles mesmos em áreas de guerra e as postam em sites de mídias sociais, nós queremos saber exatamente onde essas fotos foram registradas”, diz Work, se referindo ao soldado russo de 24 anos Alexander Sotkin, que, ano passado, postou fotos dele mesmo na Ucrânia, enquanto segurava equipamento militar russo.
Work explica que o centro também servirá como local para o desenvolvimento de táticas, técnicas, procedimentos e regras. “Precisamos nos preparar agora para prevalecer em conflitos que se ampliem para o espaço”, diz Work. “Sabemos que a arquitetura espacial da nossa nação encara ameaças crescentes. É importante que o Departamento de Defesa e as agências de inteligência trabalhem juntos para lidar com essas ameaças e integrar melhor as capacidades espaciais”.
O analista espacial Brian Weeden acredita que a criação do novo centro espacial se deve aos testes anti-satélite da China. “Os EUA os interpretam como uma potencial ameaça aos satélites de segurança nacional dos EUA”, diz Weeden. Outro fator que pode ter levado os EUA a criarem o centro é o fato da Rússia ter anexado a Crimeia, enfraquecendo a Ucrânia. “Os EUA interpretam isso como um sinal que normas e leis internacionais podem ter menos efeito quando houver a necessidade de restringir potenciais adversários”, diz.
Em 2010, Lester Lyles, general aposentado da Força Aérea Americana, explicou a fixação do exército com o espaço ao chamá-lo de “o terreno final”. Essa estação certamente dará ao Pentágono uma posição melhor, transformando todo o sistema de satélites dos EUA em uma vantagem estratégica.
FONTE: http://gizmodo.uol.com.br/
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