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Por que problemas gastrointestinais podem dificultar ida do homem a Marte


Viagens longas podem acarretar graves problemas de saúde nos astronautas, de danos aos tecidos a alto risco de incidência de câncer

Edison Veiga
De Milão para a BBC News Brasil

Sonho antigo da humanidade e projeto cada vez mais próximo de se tornar realidade, viagens espaciais longas - da Terra a Marte, por exemplo - podem acarretar problemas gastrointestinais graves aos astronautas. De danos aos tecidos a alto risco de incidência de cânceres.

Essa é a principal conclusão de um estudo desenvolvido pelo Centro Médico da Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos, sob financiamento da Nasa, a agência espacial americana. Os pesquisadores realizaram simulações em animais, reproduzindo em laboratório a exposição a radiações cósmicas a que os astronautas estão sujeitos quando fora da atmosfera terrestre.

E os resultados foram alarmantes. Segundo os cientistas, esse bombardeio espacial de radiação poderia danificar significativamente o tecido gastrointestinal, provocando alterações funcionais a longo prazo. E ainda há uma preocupação quanto ao alto risco de desenvolvimento de tumores no estômago e no cólon.

A pesquisa está na edição desta segunda-feira do periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

"No intestino, as células epiteliais são continuamente substituídas, em um intervalo que vai de três a cinco dias, assim como ocorre na superfície da pele. Existe uma estrutura em forma de frasco cônico chamada cripta. As células se dividem - ou seja, crescem - nas criptas e migram para cima em projeções chamadas vilosidades, no intestino delgado e na superfície do lúmen, no intestino grosso. Essa substituição celular requer a coordenação de vários processos celulares", explicou à BBC News Brasil o pesquisador Kamal Datta, professor da universidade e autor do estudo.

"Sob exposição da radiação espacial, entretanto, constatamos retardo na migração celular, aumento na formação de tumores intestinais, aumento na proliferação celular, perturbação nas interações entre as células, aumento de células envelhecidas e algumas destas células com processos inflamatórios", enumera.


Radiações cósmicas poderiam danificar significativamente o tecido gastrointestinal

Interferências siderais

De acordo com o pesquisador, a conclusão é que a radiação interfere no mecanismo natural da substituição celular. "E isto pode conduzir ao mau funcionamento dos processos fisiológicos, como a absorção de nutrientes, ao mesmo tempo que pode desencadear o início de processos patológicos, como o câncer", comenta.

Datta é cuidadoso ao comentar se isso seria um entrave a viagens até Marte, por exemplo.

Mas antevê que seria necessário o desenvolvimento de alguma medida para proteger o organismo dos astronautas. "Esta é a mais precisa abordagem que podemos obter para avaliar o risco de radiação espacial durante viagens espaciais de longa duração. Trata-se de um primeiro estudo do tipo e outros testes mais aprofundados serão necessários para o desenvolvimento de medicamentos ou outras medidas tecnológicas de proteção para reduzir os riscos dos astronautas", diz.

Os pesquisadores afirmam que no caso de astronautas que foram para a Lua esse risco não existiu - porque o tempo de exposição à radiação foi menor que o necessário para gerar danos permanentes. "A preocupação real são lesões duradouras que podem ser ocasionadas em uma viagem longa, como seria até Marte ou mesmo outras missões espaciais de longa duração", afirma Datta.

De acordo com a agência espacial americana, o percurso até Marte levaria cerca de nove meses, considerando a tecnologia atual - isso considerando só o deslocamento de ida.

Na pesquisa, foram analisados especificamente os órgãos e tecidos da região gastrointestinal, mas os cientistas acreditam que danos podem ocorrer também em outros pontos do organismo.

Um estudo semelhante realizado pela Universidade da Califórnia e publicado em 2015 concluiu que a radiação cósmica também pode causar danos permanentes ao sistema nervoso central, fazendo com que os astronautas estejam sujeitos a sintomas parecidos com os da demência.


Nasa tem planos concretos de realizar viagens espaciais longas a partir da próxima década

Cobaias

O estudo da Universidade de Georgetown utilizou camundongos como sistema modelo para a análise. Os roedores foram expostos à radiação no Laboratório de Radiação Espacial da Nasa em Nova York. Em seguida, os animais foram levados até a Universidade de Georgetown, onde foram submetidos aos exames.

Os animais foram divididos em três grupos. O primeiro recebeu radiações similares às do espaço sideral. Outros camundongos foram expostos a raios gama, semelhantes aos emitidos por um aparelho de raio-X convencional. Houve ainda um terceiro grupo, não exposto a radiação alguma, utilizado como controle.

Exploração espacial

A agência espacial americana está com planos concretos para realizar viagens longas a partir da próxima década. Em agosto, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, anunciou que a ideia é mandar missões tripuladas à Lua nos próximos anos, onde o projeto é construir uma estação espacial permanente. A base serviria como um trampolim para viagens mais longas - principalmente até Marte.

Pelo cronograma da Nasa, os primeiros astronautas chegariam a essa estação espacial em 2024. "Estamos criando um sistema de exploração do século 21. Acessível, confiável, versátil e seguro", ressaltou a agência espacial, em comunicado divulgado à imprensa na ocasião.

Pelo projeto, astronautas ficariam na Lua por seis meses, pesquisando e treinando como seria uma viagem espacial mais longa. O governo dos Estados Unidos determinou a meta de que um astronauta deve pisar em Marte até a década de 2030.

FONTE: BBC BRASIL

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