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O Grand Finale da Cassini revela que os anéis de Saturno despejam material orgânico no planeta



Por: Ryan F. Mandelbaum

A espaçonave Cassini-Huygens, que orbitava Saturno, morreu lutando – na verdade, ela continuou coletando dados até despencar no gigante gasoso. Seu mergulho revelou incríveis novidades sobre o carismático planeta, como um anel de chuva orgânica.

Cientistas estão publicando um caminhão de resultados do Grand Finale da sonda, incluindo seis artigos no periódico Science e cinco no Geophysical Research Letters. Estes resultados contam uma história incrível sobre Saturno.

O planeta tem um campo magnético misterioso cujos pólos se alinham quase perfeitamente com o eixo rotacional, por exemplo — é bem esquisito. E, ainda mais estranho, é que seus anéis despejam toneladas de material, incluindo moléculas orgânicas ou com conteúdo orgânico, na atmosfera do planeta.

“Eu acho que é tremendamente empolgante ver todos estes novos resultados da Cassini”, Linda Spilker, cientista do Projeto Cassini, afirma ao Gizmodo. “Muitos deles são, além de tudo, coisas que nunca esperávamos ver.”

A Cassini-Huygens foi o amado orbitador de Saturno. Sua vida durou quase 19 anos, incluindo 13 em volta do mundo cheio de anéis. Ela revolucionou o jeito que pensamos o planeta. Ela terminou sua missão ano passado, com 22 órbitas de Grand Finale entre a atmosfera do planeta e seus anéis, onde coletou muitos dados.

Essas últimas viagens em torno do planeta não faziam parte do plano inicial da Cassini, explica Spilker, e foram feitos em vez de bater a sonda em uma das luas de Saturno — os cientistas queriam evitar uma potencial contaminação de uma das luas com formas de vida da Terra.

Nós já escrevemos sobre alguns dos resultados do Grand Finale, incluindo imagens incríveis, observações de uma aurora desconcertante e uma falha em seus anéis. Mas esse novo lote de dados revela muito mais.

Os cientistas descobriram, por exemplo, um cinturão de prótons de alta energia entre a atmosfera e os anéis, de acordo com um dos artigos. A radiação era tão intensa que sobrecarregou os instrumentos da Cassini, mas os cientistas deram um jeito de usar os dados mesmo assim, explica Matina Gkioulidou, física no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins. “Nosso método nos permitiu alcançar as mesmas conclusões sólidas, mas ainda deixou lacunas em nossa compreensão”, diz ela, deixando aberta a possibilidade de que uma missão futura estará mais preparada para observar essas regiões.

Além disso, há também as novas medidas do campo magnético do planeta. Elas foram captadas a apenas 2.550 quilômetros acima da linha que os cientistas usam para denotar sua superfície. Os pesquisadores confirmaram um capricho do planeta: seu campo magnético se alinha quase perfeitamente à rotação. E isso é bem esquisito. Seja a Terra, Júpiter ou Netuno, modelos teóricos parecem exigir que o campo magnético de um planeta se incline com respeito ao eixo de giro, explica Spilker.

“Nós estávamos esperando ver um deslocamento entre a rotação e o campo magnético”, conta ela. Só que não foi o que eles viram.

Entretanto, o resultado mais maluco, talvez, foi a evidência de que entre os anéis e o planeta estão grãos de poeira nanométricos, que chovem na atmosfera de Saturno — algo entre 4.800 e 45.000 quilogramas de poeira por segundo. Talvez isso signifique que os anéis erodem com o tempo.

Além disso, os grãos de poeira eram compostos por água e silicatos, mas também metano, amônia, dióxido de carbono e moléculas orgânicas mais complexas. Foi a primeira vez que uma observação desse tipo de moléculas se deu em Saturno. Elas servem como blocos construtores da vida, mas não são, por si só, uma evidência de vida.

“Foi uma surpresa fenomenal descobrir uma grande quantidade de matéria fluindo para dentro da atmosfera de Saturno, bem como a complexidade química deste material”, diz o cientista Kelly Miller, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, ao Gizmodo.

A primeira identificação confirmada de moléculas orgânicas nos anéis de Saturno demonstra que elas podem aparecer por todo o lugar. “Este conjunto de dados e a missão Cassini, no geral, forneceram uma janela importante para a diversidade de ambientes onde a química orgânica está presente no Sistema Solar”, diz Miller.

Como qualquer missão empolgante, novas descobertas trazem novas questões. Então, eu perguntei a algumas pessoas o que eles gostariam de ver em uma Cassini 2.

“Eu procuraria por vida nas plumas de Encélado, mandaria uma sonda à atmosfera de Saturno, e talvez pousasse para explorar os lagos e os mares de Titã com a próxima geração de instrumentos”, imagina Spilker. “Eu também acho que seria legal gravar filmes das partículas dos anéis e ver como elas interagem.”

Bill Kurth, físico da Universidade de Iowa que estudou as auroras de Júpiter com a Voyager, também procuraria por vida em Encélado.

Gkioulidou queria ver um instrumento que pudesse lidar com radiações mais altas para explorar a região das partículas de alta energia em torno do planeta.

Como qualquer bom experimento de física, o fim da Cassini apontou aos cientistas para que direção eles e seus estudos devem prosseguir.

“Vamos precisar fazer muito mais para entender os enigmas da lacuna entre os anéis e o planeta”, afirma Spilker. “É maravilhoso terminar uma missão com essas questões.”

[Science 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, GRL]

Imagem do topo: Impressão artística de Cassini orbitando nos anéis de Saturno. Créditos: NASA/JPL-Caltech

FONTE: GIZMODO BRASIL

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