Esta imagem, feita com dados obtidos pela sonda Dawn da NASA, mostra cadeias de poços no planeta anão Ceres, chamadas Samhain Catenae.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA
As características à superfície de Ceres - o maior mundo entre Marte e Júpiter - e a sua evolução interior têm uma relação mais próxima do que se poderia pensar.
Um estudo recente, publicado na revista Geophysical Research Letters, analisou as características da superfície de Ceres para revelar pistas sobre a evolução interior do planeta anão. Especificamente, o estudo explorou características lineares - as cadeias de poços e pequenas crateras secundárias, comuns em Ceres.
As descobertas alinham-se com a ideia que, há centenas de milhões (até bilhões) de anos atrás, os materiais por baixo da superfície de Ceres empurraram para cima em direção ao exterior, produzindo fraturas na crosta.
"À medida que este material se movia para cima a partir da subsuperfície de Ceres, partes da camada externa de Ceres foram separadas, formando as fraturas," comenta Jennifer Scully, autora principal do estudo e associada da equipa científica da Dawn no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.
A indicação de surgimento de material desde o interior de Ceres permite uma outra perspetiva ao estabelecer como o planeta anão pode ter evoluído.
Procurando uma agulha num palheiro
Os cientistas da Dawn geraram um mapa com mais de 2000 características lineares em Ceres, com tamanhos superiores a um quilômetro, que estão localizadas fora das crateras de impacto. Os cientistas interpretaram observações da Dawn, de dois tipos de características lineares, para melhor entender a sua ligação com o material de surgimento. As cadeias de crateras secundárias, o tipo mais comum de características lineares, são filas longas de depressões circulares produzidas por fragmentos lançados para longe de grandes crateras de impacto à medida que estas se formavam em Ceres. As cadeias de poços, por outro lado, são expressões superficiais de fraturas subterrâneas.
Das duas características, só as cadeias de poços fornecem informações sobre a evolução do interior de Ceres. Scully disse que o maior desafio era diferenciar entre cadeias de crateras secundárias e cadeias de poços. Emboras as características sejam surpreendentemente similares, os investigadores conseguiram distinguir as duas com base nas suas formas detalhadas. Por exemplo, as crateras secundárias são comparativamente mais redondas do que as cadeias de poços, que são mais irregulares. Além disso, as cadeias de poços não possuem orlas levantadas, enquanto nas crateras secundárias normalmente existem.
Como as características foram formadas
Embora seja possível que o congelamento de um oceano subsuperficial global tenha formado as fraturas, este cenário é improvável, já que as localizações das cadeias de poços não estão uniformemente dispersas à superfície de Ceres. É também improvável que as fraturas se formem por "stresses" de um grande impacto porque não existem evidências em Ceres de impactos suficientemente substanciais para formar fraturas a esta escala. A explicação mais provável, de acordo com os cientistas da Dawn, é que uma região de material ascendente formou as cadeias de poços. O material pode ter fluído para cima a partir do interior de Ceres porque era menos denso do que os materiais circundantes.
Os cientistas da Dawn esperam ver como essas características vão ajudar outros investigadores a modelar a evolução do interior de Ceres, o que pode testar se o surgimento pode ter ocorrido perto das fraturas.
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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