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Medição do VLBA promete imagem completa da Via Láctea


Os astrônomos mediram diretamente a distância a uma região no outro lado da Via Láctea, além do centro da Galáxia.
Crédito: Bill Saxton, NRAO/UAI/NSF; Robert Hurt, NASA


Usando o VLBA (Very Long Baseline Array) da NSF (National Science Foundation), astrónomos mediram diretamente a distância de uma região de formação estelar no lado oposto ao Sol na nossa Via Láctea. Este feito quase que duplica o recorde anterior de medição de uma distância no interior da nossa Galáxia.

"Isto significa que, usando o VLBA, agora podemos mapear com precisão toda a extensão da nossa Galáxia," comenta Alberto Sanna, do Instituto Max Planck para Radioastronomia na Alemanha.

As medições de distância são cruciais para a compreensão da estrutura da Via Láctea. A maioria do material da nossa Galáxia, composta principalmente por estrelas, gás e poeira, fica dentro de um disco achatado, no qual o nosso Sistema Solar está situado. Dado que não podemos ver a nossa Galáxia de face, a sua estrutura, incluindo a forma dos seus braços espirais, só pode ser mapeada medindo distâncias de objetos noutros lugares da Galáxia.

Os astrônomos utilizaram uma técnica chamada paralaxe trigonométrica, usada pela primeira vez em 1838 para medir a distância a uma estrela. Esta técnica mede a aparente mudança da posição no céu de um objeto celeste visto em lados opostos da órbita da Terra em torno do Sol. Este efeito pode ser demonstrado colocando um dedo em frente do nariz e fechando, alternadamente, cada olho - o dedo parece saltar de um lado para o outro.

A medição do ângulo da aparente mudança de posição desse objeto permite que os astrônomos usem simples trigonometria para calcular diretamente a distância a esse objeto. Quanto menor o ângulo, maior a distância. O VLBA, um radiotelescópio com dez antenas distribuídas por toda a América do Norte, Hawaii e Caraíbas, pode medir os minúsculos ângulos associados a grandes distâncias. Neste caso, a medição foi equivalente ao tamanho angular de uma bola de basebol na Lua.

As observações VLBA, feitas em 2014 e 2015, mediram uma distância de mais de 66.000 anos-luz para uma região de formação estelar chamada G007.47+00.05 no lado oposto ao Sol na Via Láctea, bem para lá do centro da Galáxia, que fica a mais ou menos 27.000 anos-luz de distância. O recorde anterior de medição de paralaxe estava situado nos 36.000 anos-luz.

"A maioria das estrelas e gases na nossa Galáxia estão dentro desta distância recém-medida ao Sol. Com o VLBA, temos agora a capacidade de medir distâncias suficientes para rastrear com precisão os braços espirais da Via Láctea e conhecer a sua forma verdadeira," realça Sanna.

As observações do VLBA mediram a distância a uma região onde se formam novas estrelas. Estas regiões incluem áreas onde as moléculas de água e metanol atuam como amplificadores naturais de sinais de rádio - masers, o equivalente rádio aos lasers das ondas de luz. Este efeito torna os sinais de rádio brilhantes e facilmente observáveis com radiotelescópios.

"A Via Láctea tem centenas de regiões de formação estelar que incluem masers, de modo que temos muitos 'marcos' para usar no nosso projeto de mapeamento, mas este é especial. Estamos a observar o outro lado da Via Láctea, passando o seu centro," comenta Karl Menten, do Instituto Max Planck para Radioastronomia.

O objetivo dos astrônomos é finalmente revelar o aspeto da nossa própria Galáxia, como se a víssemos de fora, talvez a um milhão de anos-luz, vendo-a de face, em vez de ao longo do plano do seu disco. Esta tarefa exige muitas mais observações e muito trabalho minucioso, mas, dizem os cientistas, as ferramentas desse trabalho estão já ao nosso alcance. Quanto tempo vai demorar?

"Nos próximos 10 anos, teremos uma imagem bastante completa," prevê Mark Reid do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica.


A técnica da paralaxe determina a distância medindo o ângulo da aparente mudança da posição de um objeto, visto em lados opostos da órbita da terra em torno do Sol.
Crédito: Bill Saxton, NRAO/UAI/NSF; Robert Hurt, NASA
(clique na imagem para ver versão maior)


FONTE: ASTRONOMIA ONLINE

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