Por: George Dvorsky
Ao analisar os ossos de um pequeno dinossauro com penas conhecido como Sinosauropteryx, paleontólogos mapearam seu padrão de cores único. Incrivelmente, essa criatura possuía uma listra na região dos outros, que parecia uma máscara de bandido, semelhante a mamíferos e animais de hoje.
O Sinosauropteryx, originalmente descoberto na China em 1996, foi o primeiro dinossauro (além dos pássaros anciãos e seus parentes imediatos) a ser encontrado com evidências de penas. Um novo estudo publicado na Current Biology mostra que ele exibia múltiplas formas de camuflagem, incluindo contra sombreamento (partes inferiores mais claras, e superiores mais escuras), uma distinta calda listrada, e a chamada máscara de bandido – a mesma encontrada em animais modernos como guaxinins e gambás. A descoberta mostra que, como já esperado, dinossauros desenvolveram sofisticados esquemas de camuflagem (o que implica que eles também possuíam uma boa visão), e que dinossauros devem ter vivido em ambientes semelhantes aos que temos hoje, porque esquemas de camuflagens parecidos ainda existem.
“Dinossauros são fascinantes monstros que preencheram diversos nichos e modos de vida que hoje são ocupados por mamíferos e pássaros modernos”, disse Jakob Vinther, coautor do novo estudo, ao Gizmodo. “Podemos mostrar que eles pareciam muito mais com animais mamíferos de hoje porque as vidas que viviam não são tão diferentes das nossas”.
Inclusive, se houve um animal que precisava de camuflagem este animal era o dinossauro. Sinosauropteryx, que viveu há cerca de 120 milhões de anos no que é hoje a China, era um animal relativamente pequeno que viveu em um mundo repleto de predadores temíveis – incluindo parentes do Tiranossauro rex. Durante o mesmo período, camuflagem também permitia ao Sinosauropteryx a sorrateiramente caçar presas desatentas, como pequenos lagartos.
Um fóssil de Sinosauropteryx que foi usado no estudo. (Imagem: Universidade de Bristol)
Usando fotografia de luz polarizada, pesquisadores da Universidade de Bristol produziram imagens ricas em contraste e alta resolução de fósseis do Sinosauropteryx. Penas fossilizadas são preservadas apenas quando são pigmentadas, assim, ao mapear a presença e falta de penas, os cientistas puderam identificar o padrão de cores delas. Anteriormente a este trabalho, paleontólogos estudaram um espécime diferente, detectando pequenos e circulares melanossomos (pigmentos que absorvem a luz encontrados na pele e em penas) que indicavam a coloração marrom.
“A máscara de bandido foi certamente uma descoberta fascinante”, disse Vinther. “É muito comum em animais modernos. A exata função dela ainda está sob debate, mas agora podemos mostrar que ela estave presente também em dinossauros”.
A máscara de bandido provavelmente providenciava uma variedade de funções, incluindo a redução de luminosidade (pense nos jogadores de futebol americano que pintam linhas prestas abaixo dos olhos) ou como uma maneira de disfarçar os olhos dos predadores.
Exemplo de pássaro com a máscara (Image: Shantanu Kuveskar/Wikimedia)
“É comum encontrar a máscara de bandido em mamíferos predadores de médio porte, já que elas servem como uma coloração de alerta (gambás, texugos), avisando predadores maiores que eles serão uma considerável briga, ou que irão liberar odores”, diz Vinther. “No entanto, acreditamos que a função em pássaros é a mais próxima dos dinossauros”.
Cientistas criaram a hipótese que a máscara facial de picanços, um pequeno pássaro, permite a eles caçar sob o sol, ajudando a detectar presas e engajar em ataques surpresas.
Os pesquisadores também detectaram a presença de uma calda listrada e uma forma de camuflagem muito comum chamada de contra sombreamento. Com o contra sombreamento, um animal apresenta costas escuras e barriga clara, que faz ele parecer mais achatado e menos tridimensional. Camuflado dessa forma, os animais não se destacam no cenário. Animais apresentam diversos graus de contra sombreamento dependendo do seu habitat, e o padrão particular do Sinosauropteryx sugere que ele vivia em habitats abertos, como um grande pasto. Ano passado, os mesmos pesquisadores estudaram outro dinossauro encontrado no mesmo lago ancião, mas o contra sombreamento deste espécime sugeria que ele morava em uma floresta.
“Estes dois dinossauros não necessariamente interagiram muito ou nem chegaram a interagir”, disse Vinther. “Isso significa que agora podemos pintar uma figura ainda mais viva do cenário e os habitats que estes dinossauros viveram”.
[Current Biology]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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