As brigas matrimoniais de estranhos há muito tempo intrigam nossa degenerada espécie. É um tópico que não envelhece, que mantém vivas várias revistas, mesmo que nenhum dos detalhes das histórias seja real. Mas o que maior parte das pessoas não sabe é que as celebridades (e os plebeus) não são as únicas que se divorciam — às vezes, isso acontece com as estrelas também.
Cerca de 540 anos atrás e a aproximadamente 1.344 anos-luz da Terra, um aglomerado de estrelas dentro da nebulosa de Órion teve um divórcio bem feio. Um incidente desconhecido mandou duas estrelas para direções diferentes, em alta velocidade. Embora os astrônomos tenham observado essas estrelas desobedientes há décadas, rastreando-as até o local que compartilhavam há 540 anos, algo sobre a situação não parecia certo. Em primeiro lugar, sua energia combinada não parecia suficiente para separá-las em velocidades tão altas. Agora, cientistas usando o telescópio Hubble descobriram uma terceira estrela “em fuga” que poderia explicar esta separação incomum. As descobertas da equipe serão publicadas nesta segunda-feira, no The Astrophysical Journal Letters.
Os pesquisadores rastrearam o movimento dessa terceira estrela até 540 anos atrás e descobriram que, como as outras duas, ela uma vez existiu na nebulosa Kleinmann-Low, a região de formação de estrelas mais ativa da nebulosa de Órion. De acordo com o pesquisador principal do estudo, Kevin Luhman, da Penn State University, ele e sua equipe no Hubble acidentalmente encontraram sua chamada “fonte x” enquanto usavam o telescópio em busca de planetas interestelares na nebulosa de Órion.
“As novas observações do Hubble oferecem evidência muito forte de que as três estrelas foram ejetadas de um sistema de múltiplas estrelas”, disse Luhman, em um comunicado. “Astrônomos anteriormente encontraram alguns outros exemplos de estrelas em alta velocidade que vinham de sistemas de múltiplas estrelas e, portanto, foram provavelmente ejetadas. Mas essas três são os exemplos mais jovens de tais estrelas. Elas provavelmente têm apenas umas poucas centenas de milhares de anos de idade.”
Imagem: NASA, ESA, e Z. Levy (STScI)
Um sistema desses se separa quando duas das estrelas membro se movem tão próximas uma da outra que elas ou se juntam ou formam um sistema binário estreito. Esse encontro próximo solta tanta energia que arremessa todas as estrelas do sistema para fora, enviando-as em direções diferentes em velocidades super altas. Neste caso, não apenas as duas estrelas membro se divorciaram como também seu “filho único” igualmente fugiu. Então, pois é, isso é que são 600 anos difíceis.
Com novos instrumentos como o telescópio James Webb, que está preparado para ser lançado em outubro de 2018, astrônomos conseguirão examinar a nebulosa de Órion com detalhes sem precedentes. Esperamos que possam encontrar mais estrelas em fuga no universo, buscando por seus familiares desaparecidos — ou pelo menos por alguém para notá-las.
Ah, as estrelas… Elas são exatamente como nós!
FONTE: GIZMODO BRASIL
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