Nem tudo sai conforme o planejado no espaço. Recentemente, tivemos a explosão do foguete Antares, a terrível tragédia no voo de teste da Virgin Galactic, e a falha no pouso do módulo Philae em um cometa. Mas isso tem precedentes: afinal, se você dispara muitas coisas rumo ao céu usando foguetes voláteis, algumas delas vão cair. Ou explodir.
Eis uma breve recapitulação dos momentos mais facepalm da humanidade na fronteira final.
>>> O hífen que destruiu um foguete da NASA
Orbitador Climático de Marte
Em dezembro de 1998, a NASA lançou uma sonda rumo a Marte, para estudar o clima e a atmosfera do nosso planeta vizinho. Infelizmente, no dia 23 de setembro de 1999, a sonda chegou a Marte em uma órbita mais baixa do que o planejado, então ela pegou fogo – e custou US$ 125 milhões à NASA.
A causa do fracasso? Conversão de unidades. Uma parte do software da sonda estava produzindo dados no sistema imperial (polegadas e libras), enquanto que outra parte estava esperando pelos mesmos dados, mas no sistema internacional (metros e newtons). Pior ainda, uma investigação descobriu que os pilotos haviam notado a discrepância nos números, mas as preocupações deles foram varridas para debaixo do tapete.
Genesis
A sonda Genesis da NASA foi encarregada de uma missão bastante simples: coletar amostras de vento solar e retornar à Terra com ele. A maior parte da missão correu bem: a sonda lançada no topo de um foguete Delta II, em 2001, passou 850 dias coletando amostras, e então voltou para casa.
Um pouso de paraquedas comum poderia danificar as amostras, por isso a NASA decidiu usar um helicóptero para pegar o paraquedas durante o voo. Mas, infelizmente, nem tivemos a chance de ver se isso teria mesmo funcionado: o paraquedas não se ativou, e a Genesis pousou a 311 km/h em um deserto.
Os cientistas tiveram que separar a poeira das amostras, e apesar da contaminação, eles conseguiram salvar algumas das amostras – a missão não foi um desastre total.
NOAA-19
É de se esperar que nem tudo funcione direito no espaço: há muito que pode dar errado lá em cima. Mas não foi isso que aconteceu com o NOAA-19, que faria parte de uma constelação de satélites meteorológicos.
Durante a fase de fabricação na Califórnia, os engenheiros precisaram girar o satélite para trabalhar nele. Infelizmente, eles se esqueceram de verificar se o satélite estava fixo, e ele acabou caindo de lado. O conserto custou US$ 135 milhões.
Titan 34D-9
Explosões no lançamento podem acontecer quando se lança dezenas de satélites por ano em foguetes bastante inflamáveis. Mas a perda do veículo Titan 34D-9 foi amarga: ele carregava o satélite KH-9, que custou um bilhão de dólares; e o acidente aconteceu logo após o ônibus espacial Challenger explodir e matar todos os seus ocupantes.
A razão para o fracasso era simples e dramática: oito segundos após a decolagem, um dos foguetes de combustível sólido explodiu. Isso destruiu o satélite e cobriu a área de lançamento com agentes propulsores tóxicos, vindos do foguete principal de combustível líquido.
DART
O DART foi a tentativa da NASA em usar um satélite autônomo para consertar outros satélites, ao invés de ter que enviar o ônibus espacial toda vez. No entanto, seu voo inaugural foi interrompido por um pequeno problema: ele colidiu com o satélite que deveria consertar.
Lançado em 2005, o DART provavelmente estava um pouco à frente de seu tempo. Ele servia para consertar outros satélites, e podia fazer parte de seu trabalho por conta própria. No entanto, após 11 horas de missão, ele passou por várias falhas na navegação e em seu propulsor, e acabou tendo uma “colisão suave” com o satélite de comunicações que iria reparar.
A missão foi abortada, e não poderia ser modificada devido à programação para torná-lo autônomo. O satélite DART foi enviado para sua aposentadoria em órbita polar, onde ele flutua com vergonha até hoje.
Naro-1
Não só os americanos cometem erros. A Coreia do Sul entrou há pouco tempo na corrida espacial, e investiu bastante nisso. Mas, dado que o programa espacial é bastante recente, as coisas nem sempre correram como planejado.
A Coreia do Sul fez seu primeiro lançamento de foguete, o Naro-1, em 2009. Os motores funcionaram bem, mas a carga a ser lançada em órbita não se separou do foguete. Esse desequilíbrio de peso o arrastou para baixo, e a carga – um satélite de US$ 400 milhões – se desintegrou ao reentrar na atmosfera.
Após uma nova tentativa frustrada em 2010, a Coreia do Sul conseguiu enfim enviar um satélite ao espaço em 2013.
Express-AM4
Ao contrário da maioria dos itens nesta lista, o russo Express-AM4 não explodiu no lançamento, nem queimou na atmosfera. Em vez disso, o satélite de telecomunicações avançadas apenas se perdeu.
Lançado em agosto de 2011, o satélite se separou do veículo propulsor e então desapareceu dos sistemas de radar. Ele foi localizado distante de sua órbita original, e por isso não poderia cumprir o papel para o qual foi enviado ao espaço. Um ano depois, ele foi “intencionalmente destruído” e caiu no Oceano Pacífico.
VLS-1 V3
E sim, tivemos o nosso enorme acidente espacial. Em 2003, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, se preparava para lançar dois satélites em órbita. Mas três dias antes do previsto, o VLS (Veículo Lançador de Satélites) foi acionado: o combustível pegou fogo e fez o foguete decolar.
Só que ainda havia uma estrutura ao redor, onde trabalhavam 21 funcionários. O VLS acabou arrastando essa torre e matando todos. Aparentemente, uma corrente elétrica ou descarga eletrostática ativou uma pequena peça que ligava o motor do VLS, fazendo-o pegar fogo.
A tragédia foi um grande revés para o programa espacial brasileiro, e acabou expondo como estávamos mal preparados para um lançamento de foguete. Do G1:
A comissão de investigação descartou a possibilidade de sabotagem, de grosseira falha humana ou de interferência meteorológica, mas apontou “falhas latentes” e “degradação das condições de trabalho e segurança”. Esses pontos de fragilidade estavam ligados à segurança em terra (as saídas de emergência, por exemplo, levavam para dentro da própria torre de lançamento) e de voo, à perda de pessoal tecnicamente qualificado e à falta de contratações, à defasagem salarial e de recursos financeiros, à sobrecarga de trabalho e ao estresse por desgaste físico e mental dos operadores.
Esta não foi nossa primeira tentativa de lançar um foguete ao espaço. O primeiro protótipo do VLS (V01) foi lançado em 1997 e o segundo (V02), em 1999 – mas ambos falharam.
As famílias do acidente em Alcântara receberam uma indenização de R$ 100 mil do Ministério da Defesa. A AEB (Agência Espacial Brasileira) previa um voo-teste do VLS para este ano, mas ele foi atrasado para o segundo semestre de 2015.
FONTE: http://gizmodo.uol.com.br/
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