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Cérebro de Lucy, fóssil de 3,2 milhões de anos, é parte humano e parte macaco


Tomografias do crânio do Australopithecus afarensis. Imagem: Philipp Gunz, MPI EVA Leipzig

Por Ryan F. Mandelbaum

A famosa espécime Lucy, de 3,2 milhões de anos, cativou os cientistas desde a sua descoberta em 1974. Lucy era membro da espécie Australopithecus afarensis, que andava erguida e provavelmente usava ferramentas. Novos exames do interior dos crânios de Australopithecus revelam que esses hominídeos extintos tinham cérebros surpreendentemente semelhantes a de macacos que se desenvolveram mais como cérebros humanos.

Os nossos cérebros assumem uma estrutura distinta que os diferencia dos cérebros dos primatas não humanos, e demoram muito tempo a desenvolver-se até à maturidade. Os cientistas têm debatido quando, durante a nossa evolução, esses traços se desenvolveram: eles assumiram a sua organização humana durante a era do Australopithecus ou durante a evolução dos hominídeos posteriores?

Um novo estudo parece ir contra as afirmações anteriores, mostrando que o cérebro da Lucy teria sido bastante semelhante a de um macaco – mas, no entanto, também demonstra padrões semelhantes aos humanos na forma como se desenvolveu.

Desenvolvimento do cérebro
“O que é realmente intrigante, porém, é que embora o cérebro se pareça muito com um cérebro de macaco, tem uma característica semelhante à humana – que cresce durante um longo período de tempo”, disse o autor do estudo, Philipp Gunz, antropólogo biológico do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.

“Isso é intrigante porque sugere que algumas das características modernas únicas em relação à sua longa aprendizagem infantil e plasticidade do cérebro podem ter raízes evolutivas profundas já presentes na Australopithecus afarensis“, completa.

A equipe analisou dois exemplares bem conservados infantis do Australopithecus afarensis e seis adultos, incluindo o famoso fóssil Lucy, utilizando tomografia computadorizada e tomografia computadorizada a partir da luz de alta energia produzida na Instalação Europeia de Radiação Sincrotrônica, um acelerador de partículas na França.

Por meio das tomografias do crânio, é como se estivessem criado um molde, mas utilizando luz em vez de material de moldagem. Eles utilizaram técnicas de reconstrução virtual para corrigir o impacto de qualquer dano, o que permitiu gerar imagens de alta resolução de como era a superfície dos cérebros do Australopitecíneos.

As tomografias revelaram uma característica anteriormente não detectada nos cérebros da Australopitecíneos: o sulco lunar. Trata-se de uma fissura nas dobras do cérebro encontrada mais à frente nos chimpanzés do que nos humanos e que não seria tipicamente encontrada num molde do interior de um crânio humano.

A detecção “inequívoca” da característica num dos crânios do Australopithecus infantil, bem como em outras dobras, demonstra que a superfície total do cérebro se assemelhava muito mais a um cérebro de macaco do que a um cérebro humano.

A equipe não encontrou qualquer evidência de que o cérebro do Australopithecus tivesse começado a se reorganizar numa disposição ou mesmo num tamanho mais humano, de acordo com o artigo publicado no Science Advances.

Evolução não é sincronizada

Os pesquisadores acompanharam a análise com um estudo de como se desenvolveram os cérebros dos jovens espécimes. Pesquisas anteriores demonstraram que o desenvolvimento dentário pode ser utilizado para modelar a idade de um espécime na morte e, neste caso, as duas crianças Australopithecus tinham provavelmente cerca de dois anos e meio de idade quando morreram.

Eles compararam o volume estimado da parte interna do crânio das crianças e dos adultos a fim de gerar uma trajetória de crescimento cerebral. Calcularam que o Australopithecus já tinha evoluído para um período de desenvolvimento cerebral mais longo – mais semelhante ao humano do que o chimpanzé nesse período de tempo.

“Temos a tendência a olhar para a evolução num contínuo”, disse Jeremy DeSilva, professor associado de antropologia em Dartmouth, que revisou o estudo, ao Gizmodo. Mas “essa ideia de tudo evoluindo em sincronia é abalada por um trabalho como esse. O trabalho mostra que, como tudo no restante na evolução humana, evoluímos mais num tipo de mosaico, modular, onde aspectos da nossa anatomia evoluíram a ritmos diferentes.”

Em outras palavras, a evolução do humano não foi linear. Nossos ancestrais pré-humanos podem ter assumido certas características humanas, ao mesmo tempo em que mantiveram distintamente características semelhantes a macacos.

DeSilva explicou que, da cintura para baixo, o Australopithecus parecia humano, mas acima da cintura eles mantinham uma aparência de macaco.

Comparando os fósseis do crânio e os fósseis da pelve, há uma sugestão de que o Australopithecus precisaria de ajuda para dar à luz, assim como os humanos, o que implicaria ainda mais num estilo de vida social, disse DeSilva.

Embora o estudo inclua um grande número de espécimes fósseis, há sempre o desejo de que isso seja ampliado, especialmente devido aos dados escassos com que os antropólogos trabalham, explicou Gunz ao Gizmodo. Mais fósseis poderiam ajudar a confirmar que esses padrões evolutivos poderiam ser estendidos para a espécie como um todo e não eram apenas peculiaridades dos poucos indivíduos que os cientistas analisaram.

Ainda assim, o artigo sugere que a evolução não funciona da maneira que você imagina, com base em uma imagem clichê.

FONTE: GIZMODO BRASIL

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