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Pálido Ponto Azul: NASA remasteriza icônica foto da Terra vista a 6 bilhões de km


Terra, o pálido ponto azul que aparece sendo atingido por um raio de luz solar nesta icônica imagem que acaba de ser remasterizada (Foto: NASA)

Por Patrícia Gnipper

Para celebrar os 30 anos da histórica foto Pale Blue Dot ("Pálido Ponto Azul", em português), a NASA decidiu remasterizar a imagem com tecnologias modernas, usando softwares e técnicas atualizadas de processamento para, assim, gerar uma foto ainda mais emocionante de como a Terra parece ser apenas um pontinho azulado quando vista a 6 bilhões de quilômetros.

A foto original foi tirada pela sonda Voyager 1, lançada em setembro 1977 logo depois de sua irmã Voyager 2, com a missão de estudar o Sistema Solar como jamais havia sido feito antes. Quando estava a 6 bilhões de km de distância, a Voyager 1 nos presenteou com a icônica imagem, dando à humanidade uma nova perspectiva quanto ao nosso planeta — o que aconteceu no dia 14 de fevereiro de 1990, apenas 34 minutos antes de a sonda desligar suas câmeras para sempre.


A foto original, de 1990 (Foto: NASA)

"Retrato de Família"


Mosaico que se tornou um "retrato de família" do Sistema Solar, excluindo apenas Marte e Mercúrio (Imagem: NASA)

A foto Pálido Ponto Azul, na verdade, faz parte de um conjunto que foi apelidado de Family Portrait ("Retrato de Família"), mosaico que reúne 60 imagens individuais mostrando seis planetas do Sistema Solar: Netuno, Urano, Saturno, Vênus, Terra e Júpiter.

Marte e Mercúrio não fizeram parte do registro dada à distância em que estavam no momento e a proximidade com o Sol. Nosso planeta, por sinal, aparece um tanto ofuscado por um raio de luz solar, e por pouco não ficou também de fora deste belo registro.


Diagrama do "retrato de família" (Imagem: NASA)

Últimos registros fotográficos da Voyager 1

Em 1990, o sistema de câmeras da sonda precisava ser desligado para que ela pudesse economizar energia e, assim, continuar sua jornada pelo Sistema Solar. Afinal, a Voyager 1 não passaria mais próximo o suficiente de outros mundos para tirar mais fotos, então continuar gastando sua preciosa energia para manter as câmeras ativas seria um desperdício e tanto.

Mas, antes disso, o astrônomo Carl Sagan (que liderou a equipe responsável pelo conteúdo dos discos de ouro presentes nas duas Voyager, contendo uma espécie de registro da humanidade) pediu à diretoria da missão que as câmeras da sonda fossem viradas para que ela tirasse uma fotografia da Terra em meio à vastidão do espaço — e seu pedido foi atendido. Como a sonda também conseguiu registrar outros planetas, então surgiu a ideia de juntar as imagens, gerando a composição Retrato de Família.


Posição da Voyager 1 em 14 de fevereiro de 1990 em relação aos planetas do nosso sistema (Imagem: Joe Haythornwaite/Tom Ruen/Wikimedia)

A Voyager 1 é o objeto artificial mais distante da Terra, que agora está a mais de 13 bilhões de quilômetros, chegando ao espaço interestelar em 2012. Sua irmã Voyager 2 ultrapassou a heliosfera e também já atingiu o espaço interestelar, mas isso só aconteceu em 2018.

Quase 43 anos depois de ter sido lançada, a Voyager 1 ainda envia dados à NASA, coisa que a Voyager 2 também segue fazendo. Contudo, prevê-se que sua energia será, enfim, esgotada em 2025 — o que marcará o fim de sua missão, caso a NASA não consiga dar o "jeitinho" que pretende para prolongar a vida útil das Voyager ainda mais.

Depois que elas "morrerem" de uma vez por todas, as sondas irmãs continuarão seu caminho rumo ao espaço profundo, só que sem coletar dados científicos e também sem se comunicar conosco. Na velocidade em que elas atualmente se encontram, a NASA estima que ambas passarão da Nuvem de Oort (onde a gravidade do Sol já não domina mais) dentro de mais ou menos 40 mil anos — e só depois disso é que as Voyager estarão, oficialmente, fora do Sistema Solar.

A importância de Pálido Ponto Azul

"Olhem para esse ponto. Isso é a nossa casa. Isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos que conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilizações, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de poeira suspenso num raio de Sol"

A citação acima faz parte do livro homônimo de Carl Sagan, Pálido Ponto Azul, lançado em 1994 e que teve como inspiração justamente a foto da Voyager 1 tirada quatro anos antes.



A foto se tornou extremamente relevante na época, pois o mundo ainda sofria com as consequências da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética em 1990. A Guerra Fria foi oficialmente encerrada somente em dezembro de 1991, com a dissolução da URSS. Uma verdadeira corrida armamentista estava acontecendo entre as duas nações desde o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo que os EUA foram os primeiros a obter a tecnologia para armas nucleares. Então, o medo de que eles pudessem atacar seus rivais com uma bomba atômica tomou conta, acirrando ainda mais a competição por parte dos soviéticos — que, por sua vez, também começaram a produzir armas nucleares após praticarem espionagem para roubar os segredos norte-americanos.

Essa corrida para ver qual país teria a maior quantidade de armas devastadoras caso uma nova guerra explodisse durou décadas, e uma enorme quantidade de armas nucleares foi desenvolvida por ambos, permitindo que qualquer um deles destruísse não somente o território adversário, como possivelmente todo o planeta.

Eis que, em 1990, o mundo recebeu a foto Pálido Ponto Azul, com as reflexões poéticas de Sagan dando aquele reforço à divulgação. Ver a Terra tão de longe pela primeira vez, representada por um ponto minúsculo e azulado em meio à escuridão do espaço, por um lado pode causar um sentimento de que somos insignificantes em meio à imensidão do universo, mas por outro acaba nos dando uma sensação de unidade, de que, apesar de nossas desavenças, somos todos parte deste mundo único e especial.



O discurso de Sagan, ao revelar publicamente a foto em 1990 (o que você pode ver no vídeo acima, em inglês), foi de extrema relevância no sentido de fazer com que as pessoas refletissem sobre a preservação de nosso planeta, este "grão de poeira suspenso num raio de Sol". O cientista disse, na época, que a imagem também "ressalta nossa responsabilidade de lidar mais gentilmente uns com os outros e preservar e valorizar o único lar que conhecemos".

Ou seja: essa nova perspectiva da Terra colaborou para disseminar um sentimento geral de que guerrear uns contra os outros, ainda por cima contando com armas com o potencial de destruir o planeta, era realmente algo absurdo. "Essa imagem mexeu conosco… somos todos pessoas em um pequeno planeta e, em uma guerra nuclear, todos sairiam perdendo", disse a Dra. Candice Hansen-Koharcheck, cientista planetária que fez parte da equipe de imagens da missão Voyager, à Forbes.

E a NASA remasterizar a icônica foto da Terra vista a 6 bilhões de quilômetros em pleno ano de 2020 pode ter uma relevância para além da simples celebração de seus 30 anos. É que, hoje, uma das maiores ameaças ao nosso planeta são as mudanças climáticas, causadas pela atividade humana irresponsável.

No final do ano passado, inclusive, mais de 11 mil cientistas de 153 países ao redor do mundo declararam que a Terra está oficialmente passando por uma emergência climática global — e, se providências urgentes não forem tomadas, a sobrevivência deste pálido ponto azul estará seriamente ameaçada.

FONTE: NASA, Forbes, The Guardian, Guilherme Briggs via canaltech.com.br

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