Evento ficou conhecido como 'Caso Mariquinha' e atraiu milhares de curiosos ao interior de São Paulo. Ufólogos dizem, com base em relatos, que luzes brancas eram ovnis. ('Caso Mariquinha' faz 40 anos em Sorocaba — Foto: Clayton Esteves/TV TEM)
Por Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí
Há exatos 40 anos, moradores de Sorocaba (SP) olharam para o céu e disseram ter visto uma luz branca arredondada, mas não era a lua. Segundo os registros, na noite de 8 de janeiro para o dia 9, as esferas luminosas que pairavam sobre a cidade foram seguidas por policiais militares, e o evento ficou conhecido em todo o país como "Caso Mariquinha".
O ufólogo Jorge Facury Ferreira, do Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas de Sorocaba (GEPUS), é um dos especialistas sorocabanos que estudam o acontecimento e colhe depoimentos e supostos indícios da visita extraterrestre no interior de São Paulo.
Na época, por volta das 3h, uma equipe da Polícia Militar foi parada por um mecânico pedindo ajuda no bairro Barcelona.
Na ocasião, o rapaz estava abalado e, em pânico, contou aos policiais que uma luz apareceu sobre o carro quando ele estacionava na garagem de casa, o que fez com que ele saísse correndo em busca de ajuda.
Imediatamente, a patrulha comunicou outras viaturas, que iniciaram uma varredura no perímetro. Cerca de oito equipes policiais teriam perseguido o ovni, objeto não identificado, até uma pedreira.
Milhares de pessoas se reuniram em busca de ovnis em morros de Sorocaba — Foto: Arquivo/Globo
O G1 encontrou a família do soldado Pandolfo, um dos envolvidos na ocorrência, mas ele faleceu há três anos. Um neto, que preferiu não gravar entrevista, confirmou que o avô contava as histórias sobre a ocorrência.
O movimento dos policiais acabou na pedreira São Domingos, perto do Morro da Mariquinha. Ainda conforme o registro, os policiais alegaram que pararam as viaturas no local e fizeram sinais com as luzes dos veículos, e teriam sido correspondidos.
Os objetos permaneceram no local até o início da manhã, quando desapareceram.
Fantástico cobriu evento em Sorocaba em 1979 — Foto: Reprodução
'Duas luas'
Hoje, aos 47 anos, o fotógrafo e historiador Silvio Rosa Santos Martins, morador do Centro de Sorocaba, conta que estava com o pai, artista plástico, quando, segundo ele, os dois foram até outro cômodo da casa buscar tinta.
No meio do caminho, o então garoto olhou para a árvore no terreno e viu a luz branca poucos metros acima.
"Faz tempo, mas me lembro muito bem dessa noite. Meu pai comentou que era a lua e eu disse que não, porque a lua estava do outro lado. Do nada, a esfera foi se movendo. Se fosse hoje, seria algo comparado a um drone. No outro dia vimos que mais pessoas tinham visto pelas matérias", lembra.
Local onde a luz foi vista por Silvio em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal
Repercussão nacional
O "Caso Mariquinha" foi noticiado pelo Fantástico em 1979. De acordo com a reportagem, cerca de duas mil pessoas ficaram horas olhando para o céu em busca dos discos voadores. O fotógrafo Pedro Evaldo Morais, que atualmente faz cliques por hobby, chegou a tirar uma foto da luz.
À reportagem, na delegacia, ele contou naquela época que não soube identificar o objeto, que sumiu de forma repentina.
Em entrevista ao G1, 40 anos depois, o fotógrafo lembra que estava em casa quando recebeu uma ligação da redação, esperou o motorista chegar e correu para o morro.
"Eu guardava a máquina em casa e foi uma correria. Lembro que até quebrei a minha cama, porque me troquei rápido. Quando cheguei lá, vi a luz e bati a foto. Estava escuro e foi o que deu para tirar", conta.
Fotógrafo Pedro Evaldo na época da reportagem e atualmente — Foto: Reprodução - Arquivo pessoal
Na mesma noite, houve blecautes de energia na cidade e, conforme a companhia responsável pela distribuição de energia, o motivo era desconhecido.
A reportagem do Fantástico mostrou pessoas se aglomerando nos dias seguintes na região em busca do ovni. Um ponto branco chegou a surgir perto da lua em uma das noites de "plantão" dos moradores, porém seria o planeta Vênus, segundo um pesquisador relatou na matéria.
"Gostaria de ter visto um disco voador, não vim passar a noite aqui à toa e com duas crianças", afirmou uma mulher.
"Vou embora, porque ficamos a noite toda e foi só canseira", disse outro.
Ruim para o público frustado, bom para o comércio. Enquanto as milhares de pessoas iam à região, vendedores de alimentos faturaram, assim como os donos de lojas que tinham binóculos e telescópios.
Confira abaixo a cronologia dos acontecimentos na cidade:
Acesse a reportagem da época aqui.
FONTE: G1.COM
Comentários
Postar um comentário