E de quebra promover outros 100 astros do Sistema Solar que têm gravidade suficiente para ganhar a forma redonda
Há duas maneiras de botar ordem na nossa vizinhança espacial. A mais conhecida do público é a que classifica os astros de acordo com as relações que eles estabelecem entre si: um planeta é uma bola de gás ou rocha que está na órbita de uma estrela. E se uma bola de rocha está na órbita de outra bola de rocha, nós damos a ela o nome de satélite. É um método prático, mas ele tem seus problemas.
Acontece que às vezes um satélite — como aquela Lua que brilha aqui no céu da Terra, com 1.737 quilômetros de raio — é maior que um planeta com 1.187 quilômetros de raio — como Plutão era até 2006, antes de ser rebaixado à condição de planeta-anão pela União Astronômica Internacional (IAU). Um hábito meio medieval de classificar alguém pela família em que nasceu em vez de levar em consideração suas capacidades pessoais.
Um grupo de cientistas liderado por Kirby Runyon, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, está disposto a devolver à Plutão seu título de planeta. Mas sem ofender a Lua no processo. Em um manifesto publicado neste mês, os especialistas defendem que mais de 100 pequenos corpos do Sistema Solar sejam promovidos à condição de planetas — o que, por consequência, subverte o primeiro parágrafo e cria a segunda forma de classificação, muito mais “democrática”.
Segundo eles, planeta é qualquer coisa redonda menor que uma estrela. Ou, para usar um pouco de jargão, “um corpo de massa inferior a de uma estrela que nunca sofreu fusão nuclear e que gera gravidade suficiente para assumir o formato de uma esfera, independente de seus padrões orbitais.”
Além de ter a esperança de mudar tudo, da classificação usada por especialistas às definições de livros didáticos, o grupo dissidente também cutuca os astrônomos, que eles afirmam ser muito diferentes de cientistas planetários. A polêmica já existia em 2015, quando Alan Stern, responsável pela missão New Horizons, da NASA, não gostou nada dos comentários depreciativos que ouviu sobre Plutão.
“Eles [astrônomos e cientistas planetários] são como dois médicos com especialidades diferentes, e chamar um astrônomo para definir um planeta é como ir ao podólogo para fazer uma cirurgia no cérebro”, afirmou Stern. “Você precisa ouvir os cientistas planetários para aprender algo sobre o assunto. Quando nós olhamos um objeto como Plutão não conseguimos encontrar outro nome para ele”.
Ou seja: alivie a barra na hora de julgar a rocha flutuante mais próxima. Talvez ela seja um planeta, e você só seja preconceituoso. Ou um astrônomo.
FONTE: http://super.abril.com.br
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